terça-feira, 28 de março de 2017

MINHA PAIXÃO PESA COMO PEDRA


Dani: Oi, mulher! O que você anda fazendo?

Lila: Amiga, tô arrasada! Dispensei até a faxineira este mês...é muita faxina pra esquecer esse homem. Ai, Dani! Esse amor me deixou destemperada!

Dani: Eu lhe disse que pelo nome esse homem já não era bom negócio. Petrus! Petrus é pedra! Agora sua paixão pesa como pedra.

Alguns dias depois...

Lila: Amiga, olha aí a foto da que Petrus preferiu! Depois dessa vou correr para as montanhas, me isolar e ressurgir das cinzas e um dia dizer pra ele em pensamento: pode ficar com essa aí, menino! É dessa aí que você dá conta, pois eu sou muito mais!

Dani: Que bom, Lila! Vá mesmo para as montanhas e termine sua dissertação! Foco, mulher! E esqueça esse homem!


domingo, 26 de março de 2017

OS MEDOS DE IVOR

"Viver com medo é deixar de experimentar as maravilhosas surpresas contidas nas possibilidades." (V. Silva)


Eu poderia escrever tanta coisa sobre esse senhorzinho e seu medo de cair, falhar, se partir e perder, mas a primeira ideia que vem à minha mente é que sempre correremos riscos. Nunca estaremos 100% seguros em algum lugar ou na companhia de alguém, mesmo que nos seja muito querido. Mesmo tentando fazer as melhores escolhas, e isso com o passar da idade a gente acha até que faz melhor um pouco, amizades podem acabar, desilusões e desencantos podem surgir sem hora marcada.

"As coisas são como tem que ser", disse o terapeuta a um amigo que ainda não está feliz onde e como está, e que tem o desejo de migrar. E quando ele começa a me relatar os vários pontos positivos de seu provável novo endereço, vai logo listando uma série de vantagens já prontas e bem definidas, de um jeito que não dá brecha para argumentos. E eu costumo brincar: você é o rei das possibilidades! Este meu amigo me lembra Ivor, personagem do curta que migrou até perceber que a gente pode frustar nossas próprias expectativas, inclusive em coisas tão pequenas como não conseguir zelar de algo ao qual temos apreço. E se...e se...e se...Parece que se passam muitos "e se..." na visão dele, que não perde tempo e já trata de se mudar para um lugar aparentemente mais seguro.

Na última tentativa, o que está pior pode piorar e ele perde o pouco controle que ainda achava que tinha. Mas aí chegamos num ponto de mutação: Ivor não pode nem tem mais o que temer, se desapega do que tanto protegia, retira as faixas (fitas adesivas) e expõe as cicatrizes (cacos), partindo-se por inteiro e integrando-se a uma nova realidade melhor do que ele imaginava. O desapego e a aceitação da vida como ela é foram a cura para os seus medos e a abertura do seu olhar para ver outras paisagens.

sábado, 18 de março de 2017

ELA NÃO GOSTA DE CINEMA


(*) Quando digo que não gosto de ir ao cinema, recebo olhares que misturam espanto, reprovação e pena. Eu mesmo devo ter misturado estes três ingredientes quando li que o poeta João Cabral de Melo Neto não gostava de música. Ou quando ouvi Maria Bethânia dizer que não gosta do pôr do sol (segundo ela, é uma hora "nem barro nem tijolo"). (Humberto Gessinger)

Na minha cidade, muitas pessoas reclamam da falta de um cinema, e eu me pergunto: quantas delas realmente manteriam um cinema numa cidade do interior? E olha que havia um cinema na minha infância, onde fui a várias matinês ver O mágico de Oz ou algum lançamento dos Trapalhões. Hoje com internet, netflix, home theater e televisão de não sei quantas polegadas tudo se transformou muito rápido, e finalmente temos o "cinema em casa" que Sílvio Santos profetizou em tempos remotos e que a gente teve por um período com as locadoras e os vídeo-cassetes.

Conto nos dedos as vezes na vida que fui ao cinema, e essa é a última opção de diversão quando vou a uma capital, porque ainda tenho a opção de ver TV a cabo no quarto do hotel, mudando de canal se eu não gostar da programação. De fato, a sala escura, a escolha da cadeira, aquele som alto e um monte de gente juntas num lugar fechado comendo cheetos ou pipoca não me atraem.

Gosto de tudo que eu posso reger, pausar, rever, adiantar, controlar, já que a maioria das coisas são/estão fora do meu controle. Não posso prever se o filme será ruim ou bom, lento ou veloz, morno ou apaixonante, ou ainda se fará jus aos comentários lacônicos dos críticos, mas posso dar stop e deixar para lá, sem me lamentar por ter pago uma exorbitante quantia em um ingresso, enfrentado uma fila, comprado um combo de pipoca gigante com meio litro de refrigerante, etc. Ainda que muitos aleguem a emoção e a experiência que o cinema proporciona, nada me move da zona de conforto de poder chorar, repetir a cena ou ainda ver o bônus, com entrevistas e bastidores que tanto atiçam a minha curiosidade. Tudo isso quando eu quiser, onde eu quiser e com ou sem alguém, é final feliz garantido e o ingresso mais bem pago que há.


domingo, 12 de março de 2017

SGT. CHARLES SCHULZ


"Ele se acostumou com um hábito de não pensar sobre o passado - agora distante e irreal demais para contemplar - ou o futuro. O presente era uma eterna colcha costurada de retalhos de uma ilimitada sequência de momentos avançando em direção à prova de batalha." 
(Michaelis, D. Schulz & Peanuts: a biografia do criador do Snoopy)