quinta-feira, 26 de julho de 2012

TEMPO DE LEITURA

"Ler é uma das poucas formas de solidão socialmente aceitas por um mundo que tende a suspeitar das atividades em singular" (Rodrigo Fresán)

Sou cliente do Yahoo Mail desde que me conheço por internauta e, apesar das reportagens abobrinha e fofocas mal elaboradas das celebridades, do sistema de busca se perder até dentro do seu próprio site, de vezzzzzz em quando eu encontro alguma coluna que merece minha leitura. Com muito custo, descobri no canto direito lá no finzinho da página, o link dos Blogs dos Colunistas que realmente escrevem coisas interessantes. Merecem destaque as colunas Coisas do Cortez, Zoropa e Vi na Internet, de onde extraí a notícia não tão recente, mas não menos interessante. Trata-se de "O livro que não pode esperar" que precisa ser lido em até 60 dias, uma vez iniciada a sua leitura, senão as letras desaparecem. Interessante a ideia e o objetivo da campanha de uma editora argentina, mas para quem lê à prestação, vai ficar no vermelho, ou melhor, no branco, literalmente!

Enquanto escrevia esse post e vasculhava onde o Yahoo recolocou os Blogs, achei essa aqui saída do forno. "Cheiro de livro novo é um aroma marcante. Muita gente, ao  comprar um livro novo, abre as páginas e sente o cheiro do papel e da tinta daquelas páginas recém-saídas da livraria. Batizado de Paper Passion, o perfume é o presente ideal para aquele seu amigo que gosta de livros." Quem sabe os sebos não usam esse produto como Bom Ar!

sábado, 14 de julho de 2012

DEIXA CHOVER

Enquanto os galos da vizinha erram o horário de cantar e me despertam na hora em que me recolho, aproveito o inverno, essa estação deliciosa de hibernações a qualquer hora, sopas e leite caramelado para descansar meu coração e limpá-lo das desventuras e aborrecimentos inevitáveis que às vezes me assaltam.

Arrumei os livros na estante e continuo com a mania de ler mais de um ao mesmo tempo sobre os mais variados temas, sendo os mais recorrentes ciência e espiritualidade. Joguei muita coisa fora, coloquei muita coisa no lugar, achei coisas que nem lembrava mais que eu tinha e, para não balançar demais o coração na faxina de fim de verão (considerando que em Paulo Afonso o inverno só acena uns chuviscos e o termômetro só despenca à noite), a realizei por etapas. Entre um espirro e outro recusei ou atendi telefonemas, criei a lista de leitura e de AV (a ver) dos livros e filmes no nicho da espera. Limpei as gavetas, que ficaram bem mais leves, e não só contribui com os catadores de papel, como também segui a linha da leitura sustentável doando as palavras que já me fizeram bem, ou roupas que podem vestir os que precisam. No meio desse desacato à ordem, um dos ganhos das leituras foi a Revista Vida Simples, onde achei um artigo que falava o seguinte:

"Passamos a maioria do tempo nos esforçando para correr ao lado do rio da vida, segurando complexas análises de suas águas. Ora, qual o melhor modo de igualar nossa velocidade à do rio? Pular.

Para desembaraçar um fio, você pode puxá-lo e remover nó a nó. Ou pode afrouxar, balançar, deixá-lo cair e se surpreender quando perceber que ele não estava emaranhado de fato. Nossos ancestrais taoístas já ensinavam a não-ação: faça menos para que as coisas possam se fazer. 
Melhor que fazer nossa ondinha numa piscina de plástico, nossa revolução pessoal talvez seja esperar por grandes ondas. Dar um passo e deixar o céu se mover. Travar diálogo com o que nos rodeia." (Gustavo Gitti)
Lembrei da cadeira de balanço de minha avó Marina, que ía e vinha à tarde com ela a cumprimentar quem passava e a nos vigiar nas brincadeiras das férias. Quando ela saía da cadeira eu sempre dava um jeito de sultilmente tomar posse antes que um dos meus primos a vissem vazia, e como era mágico os instantes que ali passava com a brisa a beijar o rosto. Hoje, com a correria do mundo fast, as pessoas pagam psicólogos para tratarem suas agruras, pacotes de viagem para relaxar em praias e se preenchem de todo jeito quando deveriam se esvaziar. Diz o Evangelho (apócrifo) de Tomaso:
"Se você expressar o que está dentro de você
o que você expressar irá salvá-lo.
Se você não expressar o que está dentro de você
o que você não expressar irá destruí-lo"
Por enquanto, enquanto em vários lugares do mundo as pessoas aproveitam o verão, aqui estou aproveitando ao máximo o inverno e essa calmaria para refletir, acalmar as tsunamis. Quando vem a chuva e a vejo caindo, deixo que ela leve e lave também o que não quero mais dentro de mim, e do jeito que adoro essas manifestações da natureza, quanto mais rajadas de vento melhor. Gosto ainda de sentir o calor do sol que tira a umidade no meio da tarde, do céu límpido repentino (olha lá! o sol abriu!) e das nuvens lilazes ou roxas (painho, como é que a gente sabe que vai chover?). E assim sei que essa estação assim sentida dará muitos frutos, a seu tempo, na primavera ou no outono, e quiçá no próximo inverno, pois como diz a melodia de João Bosco: "até que tudo revolva por si novas canções vão surgir". 
  

segunda-feira, 9 de julho de 2012

LUZ NAS VIELAS















Tistu tentava florir o mundo, Gentileza deixou um legado, os Gêmeos transformaram um castelo de pedras cinzas numa visão psicodélica no meio da Floresta e o Grupo Boa Mistura pintou de palavras e tintas as paredes de alguns pontos de Vila Brasilândia, uma das maiores favelas de São Paulo. Através de cores fortes e de palavras como amor, doçura, firmeza, orgulho e beleza eles procuraram dar um quê de esperança aos 300 mil moradores que ali residem.


Eles aproveitaram os altos e baixos da topografia irregular inerente a esses lugares, a participação dos moradores e lá deixaram impressas essas palavras traduzindo um pouco do que de bom existe em cada um de nós, dando ao caos de construções feitas com o suor de trabalhores e faxineiras e sonhadores um tom de poesia ao concreto do dia.