"Hoje o tempo voa, amor
Escorre pelas mãos
Mesmo sem se sentir
Não há tempo que volte, amor
Vamos viver tudo que há pra viver
Vamos nos permitir."
Escorre pelas mãos
Mesmo sem se sentir
Não há tempo que volte, amor
Vamos viver tudo que há pra viver
Vamos nos permitir."
(Tempos modernos - Lulu Santos)
Essa canção antológica de Lulu tem, coincidentemente, o mesmo nome do clássico dos clássicos filme de Chaplin, e ambas as obras são atemporais. As cenas antológicas de Carlitos todo atrapalhado sendo devorado por um sistema de parafusos e tantas tarefas a cumprir, que mal faz uma já desmancha outra me faz lembrar essa loucura de vida que se vê hoje.
Apesar de não estar mais na capital, as exigências do trabalho, o tamanho das responsabilidades, o desgaste emocional de trabalhar em um ambiente onde presencio conflitos, ocupação, calendários letivos atravessando pelo meio o calendário real da era cristã e as greves me tiram um pouco do eixo e eu perco a noção do tempo. É um semestre interrompido, ano letivo que começa ou termina em maio, junho, julho, e por aí vai. Daí vem a sensação de deslocamento, de desperdício e falta de controle do tempo terríveis. E eu que gosto de ciclos, de início, meio e fim me deparo com processos que se arrastam, improdutividade coletiva e pessoal.
Esses dias vi uma pessoa falando de um tal diário em tópicos e até li sobre, mas não me encantei. É tanta anotação e símbolos que prefiro a tabela periódica e seus cátions e ânions. Decidi então fazer algo diferente para dar valor ao tempo e criei uma lista mensal de Fatos e Bênçãos. Não precisa registrar todo dia, mas se dermos valor a cada encontro com um amigo, a um sabor novo que provamos e até mesmo a um grande acontecimento poderemos ressignificar o tempo e até mesmo as mazelas do cotidiano. Lembrei também de um vlog do canal Cintia Disse, onde ela fala: "a pessoa passa 5 semanas sem acontecer nada na vida dela...aí em uma semana acontece um monte de coisa boa". O pior é que a maioria das vezes é assim mesmo, mas sei que posso com um pouco de disciplina registrar descobertas, sucessos e insucessos das mais variadas realizações, e posso avaliar a cada mês o que aproveitei e como posso melhorar. E sei que ao chegar ao próximo "fim de ano" não sentirei aquela sensação de "esse ano voou e eu não fiz nada", e serei mais grata a Deus e a tudo que a vida me traz.