quinta-feira, 31 de agosto de 2017

DRUMMONIANA


"Vamos, não chores…

A infância está perdida.
A mocidade está perdida.
Mas a vida não se perdeu.

O primeiro amor passou.

O segundo amor passou.
O terceiro amor passou.
Mas o coração continua."

Consolo na Praia-1945

quarta-feira, 30 de agosto de 2017

ESPIRAL SOCIAL


"Eu não entendo esse pensamento moderno que parece dizer que nenhuma ação é importante se não for transmitida ao público." (Johnny Galecki)

Será que temos mesmo que contar a todo mundo o que estamos pensando, comendo, sentindo, fazendo, planejando, maquinando, meditando, ganhando ou perdendo?

Será mesmo que as pessoas se importam com o que postamos, publicamos, divulgamos desmedidamente? Será que elas, de fato, compartilham os nossos anseios, ou só encaminham nossos dados?

Se formos só um pouquinho "conectados", sabe-se facilmente onde fomos, com quem estivemos, o que vestimos e o que comemos, sem falar das pessoas que postam fotos trabalhando...seria isso uma alegria efusiva pela tarefa executada ou uma defesa? Será que a privacidade vai se tornar artigo de luxo?

Mudanças de comportamento ocorrem o tempo todo e parece que estamos soltos num parque de diversões onde cada brinquedo proporciona uma modalidade de comunicação: temos a Montanha Russa dos Youtubers, o Auto-pista Facebook, O Twist do Twitter, Roda Gigante Whatsapp, Casa dos Espelhos Instagram, e os mais inocentes Trenzinho Email e Carrossel Telefone. E por falar nisso, antes só dávamos o celular para os mais próximos, mas  hoje só damos o número do fixo para o mais íntimo. Não esquecendo que pra lanchar temos pipoca-likes e maçã do amor-visualizações. Quem vai querer?


domingo, 27 de agosto de 2017

VOCÊ TEM FOME DE QUÊ?

Gastronomia virou moda: food trucks, aplicativos para pedir comida, raio gourmetizador, menu degustação, batata frita rústica com preço de picanha, e por aí vai. Basta ser frequentado por algum famoso que o restaurante ganha filas de espera, reservas que levam meses. Tudo isso para o ser humano-ostentação viver uma "experiência", que renderá desde o check-in no Facebook até as postagens no Instagram, porque o importante não é sair para jantar, mas mostrar para os seguidores o que comeu, o que vestiu para ir comer e depois postar o relatório no Youtube e pedir likes para ajudar a pagar a conta.

Mas, eis que de repente a brincadeira fica cara e aí vamos lá fazer "experiências" com comidas de rua, pois o minimalismo está em alta e vida simples é o que eleva o espírito e te faz uma pessoa melhor, mais colaborativa para esse mundo desigual. Mas, passados alguns dias, vai que sua alma nobre sente falta de um pouquinho de luxo nessa vida comum, cotidiana e sem graça, e resolve cozinhar com ingredientes gourmet. Afinal de contas, quem resiste à pipoca com azeite trufado ou algum prato finalizado com um toque de Sal do Himalaia, Havaí ou da Pérsia? São tantos paladares refinados por aí, que quem sou eu com minhas humildes papilas gustativas para questionar.

Pegando carona nas novas tendências de consumo, vem a linha fitness, onde definitivamente eu acho que o coco vai salvar a humanidade! É óleo de coco, açúcar de coco, manteiga de coco, produtos capilares, etc. Coisas que antes preenchiam a mesa do pobre, viraram estrelas da noite para o dia: batata doce, açúcar (qualquer um que não seja refinado), ovo e tapioca. A couve também já conquistou seu lugar ao sol como base do suco detox, e quem sabe até o chuchu não seja em breve descoberto e perca seu status de "sem graça"? Num país onde atualmente milhões lutam para manter o feijão com arroz nosso de cada dia, ainda há quem pague 225,00 em um sanduíche, porque o que importa é o "conceito" e mais uma vez a "experiência".



terça-feira, 15 de agosto de 2017

CHRISTIAN BOBIN



"Uma cama de luz,
uma cadeira de silêncio,
uma mesa em madeira de esperança, nada mais:
assim é o pequeno quarto de que a alma é locatária."

"Vamos aqui e ali, à procura de uma alegria por toda parte em migalhas, e o saltitar do pardal é a nossa única possibilidade de saborear Deus espalhado no chão."

"Aquele que espera é como uma árvore com os seus dois pássaros: solidão e silêncio. Ele não controla as suas expectativas. Ele move-se ao sabor do vento, dócil ao que se aproxima, sorrindo ao que se afasta. Enquanto espera, o início é como o fim, a flor é como o fruto, o tempo como o eterno."