A gente nem sempre se dá conta de quanta memória acumula nas andanças e vivências da vida. Às vezes, basta uma canção ou um gesto pra despertar uma lembrança simples, cotidiana, pequenos prazeres em meio à toda estranheza que o Rio me causou por tantos anos. Quando me acostumei, aproveitei cada minuto, mas aí já era hora de voltar."Até parece que foi ontem minha mocidadeCom diploma de sofrer de outra UniversidadeMinha fala nordestina, quero esquecer o francêsE vou viver as coisas novas, que também são boasO amor/humor das praças cheias de pessoasAgora eu quero tudo, tudo outra vez" (Belchior)
Vou me ater aqui a gastronomia popular e aos lanches que viraram hábitos até hoje, ou sempre que consigo reproduzir, além de algumas iguarias que os cariocas amam e que eu provei ou aprendi a amar. Ficam aqui como sugestão para quem quiser se aventurar nessas guloseimas que a cidade maravilhosa também tem!
1-PODRÃO: demorei muito a encarar o cachorro-quente de linguiça e hoje só lamento o tempo que perdi, ainda mais pela combinação única de muitas tranqueiras adicionadas como queijo parmesão de saquinho e batata palha, além da inigualável combinação de molho verde e uva passa. Cheguei a pedir a receita a uma vendedora alegando que estaria longe e que não haveria concorrência, mas ela negou até o fim.
2-EMPADA: na lenha, no forno, na casa da empada, não importa o meio: o carioca é o rei da empada de qualquer sabor. E o empadão então, não tem pra ninguém!
3-BISCOITO PIRAQUÊ: morei no bairro da fábrica e sentia o cheiro de massa assando no final da tarde. Até tentei apresentar outras marcas aos colegas, mas para eles é preferência estadual. Cara que só, mas eles não abrem mão.
4-BISCOITO GLOBO: acho que uma vez provei essa espécie de biscoito de vento quebradiço. É algo como o "passatempo da sua viagem", como comer pipoca no ponto de ônibus.
5-CALDOS E SOPAS: as três clássicas são sopa de ervilha, sopa de entulho e caldo verde. Custei a encarar e não via grandes coisas, mas não faria uma desfeita dessas e logo as incluí na minha rotina de comida de quermesse. Inclusive foi assim que fui provando legumes e verduras que eles amam (espinafre, brócolis, couve, couve-flor, etc), além de bife e batata frita. Aliás, o feijão preto também entra nessa lista, porque ou eu comia ou morria de anemia.
6-CHURROS: ir ao Saara comprar qualquer coisa que só se acha lá, ou ir em algum museu ou olhar as barcas saindo pra Niterói e na volta não comer um churros? Im-pos-sí-vel!
7-BOLINHO DE AIPIM/CALDO DE CANA COM PASTEL: hábito maravilhoso após as compras em Madureira. Às vezes, quando a manutenção do aparelho permitia e sobrava um troco, era meu mimo diante da imensa saudade de casa.
8-COMIDA MINEIRA: acho que devido à proximidade, a influência mineira é muito forte. No mínimo, uma vez por semana, almoçava um tutu, couve, carré suíno, arroz e farofa no quiosque do Fundão.
9-PÃO DE QUEIJO: é comida mineira, mas é patrimônio nacional. No café da manhã com suco de laranja ou no final da tarde no Centro ou no Rei do Matte com chocolate quente: uma delícia!
10-LANCHES DO FUNDÃO: croissant de chocolate do "baratinha", esfirra, maçaruco ou joelho do "sujinho", alguma bóia do "Dom Ratão" ou as tortas de aniversário da "tia do bloco G".
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