Em 21 de novembro de 1962, às 20h30min, a Bossa Nova fez sua estreia no famoso Carnegie Hall em Nova Iorque, através do americano Sidney Frey - nome por trás da gravadora Audio Fidelity -, para mostrar um tal balançado da New Brazilian Jazz, como os americanos gostavam de dizer. Além de conhecer as músicas de Tom e de Luiz Bonfá para o filme "Orfeu do Carnaval" (1959), Frey esteve no Rio e travou contato com a cena do Beco das Garrafas, no Rio. Até então, o gênero tinha aparecido na trilha do filme "Orfeu do Carnaval", que o francês Marcel Camus rodou no Rio em 1959, e em um sucesso inicial de Tom nos Estados Unidos -"Corcovado" foi um hit no país em 1962. Antes disso, música brasileira era sinônimo de Carmem Miranda e seus balangandans folclóricos.
A primeira intenção dele era promover um show com Tom e João Gilberto, mas depois veio a decisão de levar mais gente. Frey conseguiu algum apoio do Itamaraty, que contribuiu para a viagem dos músicos e, em troca, distribuiu café brasileiro durante o show. Além de Tom, João Gilberto e Luiz Bonfá, que começavam a ser conhecidos pelos americanos, o show teve o Oscar Castro Neves Quarteto, Sérgio Mendes, Roberto Menescal, Carlos Lyra, Chico Feitosa, Milton Banana, Sérgio Ricardo, Normando Santos, Dom Um Romão, Agostinho dos Santos, Carmen Santos, Bola Sete e Ana Lúcia. Na plateia de 3.000 pessoas estavam pesos-pesados do jazz, como Dizzy Gillespie, Miles Davis, Gerry Mulligan, Tony Bennett, Cannonball Adderley, Herbie Mann e The Modern Jazz Quartet. Tom, cada vez comentado na comunidade musical, era o ímã para essas estrelas.
Por sua vez, a imprensa brasileira fez pouco caso e foi muito cruel na cobertura, exagerando nas piadas. O fato é que era esperado um verdadeiro desastre na apresentação dos brasileiros, coisa que preocupava principalmente Tom Jobim, João Gilberto e Luiz Bonfá, nomes que já corriam por ouvidos estrangeiras. Tanto é verdade que Tom Jobim só embarcou depois de ser enfiado à força dentro de um avião pelo amigo e escritor Fernando Sabino: “Você vai vencer, Tom”.
A revista "The New Yorker" pegou pesado, numa matéria com o título "Bossa, Go Home". John S. Wilson, crítico do jornal "The New York Times", atacou a floresta de microfones, numa amplificação que teria deixado tudo monótono. Para ele, os cantores tinham pouco a oferecer, exceto Gilberto e Bonfá. Mas dois momentos encantaram por unanimidade: Tom, com "Samba de Uma Nota Só", e João Gilberto, que aguardou silêncio absoluto para cantar "Samba da Minha Terra". Além disso, alguns dias depois, eles se apresentaram na Casa Branca e até a primeira-dama se encantou pelo estilo.
Após essa emblemática noite, a Bossa Nova ganhou o mundo de vez e rompeu as suas fronteiras territoriais através de inúmeras gravações do repertório made in
O fato é que a Bossa Nova este ano completa 60 anos de existência e Sérgio Mendes, Roberto Menescal, Carlos Lyra continuam na ativa e influenciando novas gerações de artistas, especialmente fora do Brasil. Como diz a canção Nostalgia da Bossa, Bossa Nova é uma canção de amor demais.
A tradução do encarte encontra-se AQUI.
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