quinta-feira, 18 de março de 2021

BODAS DE ISOLAMENTO

Há um ano estou em casa. Pensava que seriam 15 dias, mas vieram mais 15, mais 15, Páscoa e todos os feriados, aniversários, Natal, Ano Novo, férias e um novo ciclo.

Imaginava que a Covid fosse como um surto de zika ou dengue, não passou pela minha cabeça a ideia de uma vacina. No máximo, um medicamento ou coquetel potente.

Não pensei que o tempo dentro de casa fosse me adoecer juntamente com o meu trabalho, que fosse perder pessoas queridas ou parar na terapia tão necessária nesses tempos difíceis de gerenciar uma vida online que eu não curto.

Ao mesmo tempo que tudo foi ficando desafiador, e que não há a menor previsão para sair dessa caverna do dragão chamada pandemia made in Brazil, sou grata porque sobrevivi, por ser privilegiada e ter condições de me isolar com conforto e segurança para ir e vir apenas quando é necessário. 

Resta apenas a sensação de que como disse Tomasio de Lampedusa, "algo deve mudar para que tudo continue como está", e que continuaremos avançando como insinua o mestre Lulu, "com passos de formiga e sem vontade".

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