Estava flanando na web quando me deparei com o poema de Mário Quintana que intitula essa postagem.
Aqui e ali
a mata ocultando o xixi das fontes
depois sumia-se lentamente numa curva
Lembrei das viagens para a casa dos avós, das tias e das comadres. Ainda tem um quadro na casa de Tia Eva que me lembra muito essa imagem furtada de outro blog. As cercas de pedras, a estrada de terra, as cancelas, as árvores e pastos. Eu jurava que conseguiria pegar vagalumes e concluí enfaticamente na época da alfabetização que o carneiro já sabia a sílaba "be". A caça aos ovos de galinha era uma aventura sem fim, ovos azuis e verdes diferentes dos brancos da cidade. De repente, a avó chamava ao fogão para mostrar que um deles tinha magicamente duas gemas. O leite ordenhado cedinho, passeios de carroça de boi e banho de riacho quando a chuva abençoava a plantação.
Quando o vento assobiava na serra eu ficava atenta à possível passagem do Saci ou da Caipora, pois com certeza eles deviam andar por ali também. Vovô contava histórias desse gênero à luz do candeeiro, com nós todos sentados aos seus pés enquanto ele se balançava na cadeira de balanço. A briga pelo prato de estanho, a mão traquina a remexer tudo que estava na penteadeira, as revistas de telenovela ou o livro da família. Detalhe: uma avó era mais culta, enquanto a outra mais liberal. Experimentava dois mundos com regras distintas, mas cheios de mimos e ternura.