quarta-feira, 24 de julho de 2024

AT HOME

"O importante não é a casa onde moramos. Mas onde, em nós, a casa mora", disse-me o terapeuta após saber de minha mudança de localização imobiliária. A frase é de Mia Couto e demorei pra assimilar seu sentido. Mas a questão é muito simples: onde é que eu me sinto "em casa"?

"Os sonhos em cada época da vida são diferentes", segundo canta Guilherme Arantes, que passou por uma grande mudança de ares novamente e falou sobre: "a decisão de vender a chácara foi motivada pela dinâmica da vida. Ele afirmou que, embora tenha resolvido outras questões em prol de seus sonhos, estes permanecem vivos em locações igualmente incríveis."

Eu tinha o objetivo de morar próximo ao meu trabalho e assim por anos procurei um imóvel. Até que deu certo um terreno e foram anos de cartório, arquiteto, engenheiro e pedreiros. Muita luta, muito desgaste pra se ter algo confortável e programado pra o futuro. Mas eis que veio a pandemia e mudou tudo, inclusive meu ponto de vista sobre moradia. Ouvi muito: "mas Flávia, é o seu sonho, não desista!". Mas quem disse que uma casa era meu sonho? O tempo passou, eu mudei e minhas necessidades são outras. Desapeguei, não faz mais sentido e meu coração não está lá. 

Meus pais envelheceram e eu escolhi estar perto, ficar junto, curtir o que eles tem ainda pra dar de carinho, risadas e auxiliá-los nas lutas do cotidiano. Comprei a casa vizinha, diferente 100% da outra, mas que atende às minhas demandas de gateira, irmã, amiga, tia e filha. E tá tudo certo! "Há muitas coisas além de querer ser feliz..."


Um comentário:

  1. Presa ainda na primeira frase do post... presa nas outras frases tb... mas pensativa aqui, pq somos "gatos" e gostamos de um cantinho que nos traga a sensação de segurança e conforto. Mas tb somos adaptáveis, assim como os gatos, e apesar da ansiedade inicial da mudança, acabamos encontrando nosso próprio cantinho, nossa segurança, nosso conforto, nossa casa.

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