"De repente os olhos bem abertos. E a escuridão toda escura. Deve ser noite alta. Acendo a luz da cabeceira e para o meu desespero são duas horas da noite. E a cabeça clara e lúcida. Ainda arranjarei alguém igual a quem eu possa telefonar às duas da noite e que não me maldiga. Quem? Quem sofre de insônia? E as horas não passam. Saio da cama, tomo café. (...) Sente-se uma coisa que só tem um nome: solidão. Ler? Jamais. Escrever? Jamais. Passa-se um tempo, olha-se o relógio, quem sabe são cinco horas. Nem quatro chegaram. (...) Mas quantas vezes a insônia é um dom. De repente acordar no meio da noite e ter essa coisa rara: solidão. Quase nenhum ruído. Só o das ondas do mar batendo na praia. E tomo café com gosto, toda sozinha no mundo. Ninguém me interrompe o nada. É um nada a um tempo vazio e rico."
Li essa crônica de Clarice Lispector e selecionei recortes que me lembraram períodos terríveis de insônia, onde nenhum remédio fez o devido efeito sem me deixar grogue no dia seguinte ou exausta de um sono automático. Infelizmente, muitos podem ser os fatores. No meu caso foi stress, preocupação e, por fim, disfunção da tireoide.
Dá um certo desespero quando os dias se passam e isso não se resolve, acordar no meio da noite e lembrar que 7h tenho que estar no meu trabalho conduzindo uma sala de aula. E a pessoa aqui tentou de tudo, de fitoterapia aos óleos essenciais, mas uma mente que não desliga infelizmente manda no organismo. Esse post não é de utilidade pública, mas eu digo logo a todo mundo que se queixa: não deixe que ela se instale e procure logo ajuda. Busque a higiene do sono, boas leituras, reduza o estímulo das telas, faça terapia, consulte um bom médico e se não gostar, procure outro, mas não fique só é insônia nessa.
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