segunda-feira, 25 de novembro de 2013

PODRES PODERES


Enquanto os homens
Exercem seus podres poderes
Morrer e matar de fome
De raiva e de sede
São tantas vezes
Gestos naturais


 Eu quero aproximar
O meu cantar vagabundo
Daqueles que velam
Pela alegria do mundo...
Indo mais fundo
Tins e bens e tais!
(Caetano Veloso)

sábado, 16 de novembro de 2013

MARRIAGE

 

O casamento foi há 24 horas, mas a casa ainda está cheia. É criança correndo, é vizinho, é parente, é a primaiada toda junta num jogar conversa fora que não acaba mais! É churrasco, é o resto de festa, é banheiro pra limpar, casa pra tentar manter, gente para atender, pratos intermináveis para lavar.

Me recolhi porque não tenho pique! "Sou de outra geração!" foi o que falei a minha mãe e às minhas tias que, mesmo após terem os filhos, parecem adolescentes querendo curtir a festa até o último instante. Após uma semana de preparativos, dias com os segundos contados e agendados, milhões de itens para conferir e adquirir, sem falar os "que bom que vc veio!", "sejam bem-vindos!", "garçon, sirva aquela mesa", "fulano, pode liberar os drinks", eu não aguento mais nada. Mas acabei de ouvir do meu quarto minha mãe avisar ao povo: "quem quiser, tem macaxeira saindo quentinha!"

Ufa!Não vejo a hora de tudo estar limpinho e no devido lugar, com todo respeito aos que vieram de longe ou de perto! Definitivamente, tá na hora de morfar!!!

domingo, 10 de novembro de 2013

SOB CONTROLE

 
Decalcomania (1966) - René Magritte
 "Para termos novamente o controle, às vezes precisamos abandoná-lo." 
(Episódio 3x04 - Revenge)

Deixar pra lá, esquecer, abandonar... quando conseguimos uma vitória com muito esforço sempre são exaltadas a dedicação e a persistência. Mas há coisas em que o esforço soa como anti-natural, como algo forçado, meio que obtido por osmose. Na osmose, o solvente passa do meio menos concentrado para o mais concentrado através de uma membrana semi-permeável. Diz o ditado que água mole em pedra dura tanto bate até que fura... humm, nem tanto assim!

A persistência serve para muitas coisas e fazer as coisas até o fim forja a maturidade. Completar tarefas sempre me dá prazer, muito mais que iniciá-las. Aprender que nem tudo se resolve, se conclui, se conquista ou se encerra é algo que hoje procuro encarar sem dramas. As tempestades, de fato, após 3,5 décadas não se formam mais em copos d'água, as feridas não se reinflamam mais só com um leve toque. Até mesmo a tecnologia tem sua sabedoria quando diz "não foi possível completar a sua ligação" e nos faz esperar mais um pouco.

Obras inacabadas também tem valor, diários incompletos também são publicados e, como canta Beto Guedes, abelha fazendo mel vale o tempo que não voou. No fim de sua vida, a famosa escritora Clarice Lispector doou-se por inteiro e escreveu até a véspera de sua morte a obra Um Sopro de Vida, de onde extrai essa pérola, que me ensinou que desistir, às vezes, é mais prudente do que insistir.

"Saber desistir. Abandonar ou não abandonar — esta é muitas vezes a questão para um jogador. A arte de abandonar não é ensinada a ninguém. E está lon­ge de ser rara a situação angustiosa em que devo de­cidir se há algum sentido em prosseguir jogando. Serei capaz de abandonar nobremente? ou sou daqueles que prosseguem teimosamente esperando que aconteça al­guma coisa?(...) Eu não quero apostar corrida comigo mesmo. Um fato."
 

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

MOTO-CONTÍNUO


 "Eu sempre sonho que uma coisa gera,
nunca nada está morto.
O que não parece vivo, aduba.
O que parece estático, espera."
(Adélia Prado)

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

EU SOU NEGUINHA?

"é o que parecia
que as coisas conversam coisas surpreendentes
fatalmente erram, acham solução
e que o mesmo signo que eu tento ler e ser
é apenas um possível e o impossível
em mim, em mil, em mil, em mil, em mil
e a pergunta vinha:
eu sou neguinha?"

(Caetano Veloso)

Quem mandou a menina lá de Itabuna cantar essa música no The Voice e o povo "das cadeiras" não virar? Letra comprida e cumprida com rigor, a candidata toda nos trinques, o maior vozeirão e nada! A plateia daqui de casa só faltou jogar ovo, tomate podre nos jurados, pra não falar do que xingou de abestalhados, tapados, etc. Infelizmente, valoriza-se mais o que vem de fora, como R&B, Rock e as Beyoncé da vida, e a brasilidade fica só no discurso.  

Agora estou eu aqui com um monte de notas musicais impregnadas na minha cabeça, já ansiosa pelos combates que começam semana que vem! Que vença o melhor, ou o que a gravadora e a Globo preferirem!