"Chove chuvaaaaa, chove sem parar!" Eu amo chuva, especialmente se for acompanhada de raios, trovões e relâmpagos daqueles que nossas avós mandavam cobrir os espelhos e não sair na rua com nada de metal. As chuvas inspiraram musicais, poemas e um sem fim de canções apaixonadas, alegres ou melancólicas. Tenho saudade dos banhos de chuva que tomei na infância e hoje só admiro o espetáculo da janela, porque sei dos perigos que existem quando alguém está ao ar livre sob forte chuva. Mas mesmo assim gosto demais de chuva, desde as fininhas até as caudalosas, daquelas que geravam mini-córregos onde eu colocava objetos para vê-los descerem ladeira abaixo.
Para quem mora no nordeste, a chuva carrega uma atmosfera que vai desde o "humm, cheiro do chuva...tá vindo chuva por aí" até o sol desenhado no chão pelas crianças quando retornam à rua querendo brincar, depois de admirarem os plic plocs nas poças d´água. Quando os compadres se encontram, tão importante quanto avisar que alguém nasceu ou está doente, é avisar que choveu lá pras bandas de tal lugar. Basta uma chuvinha boba para as estradas se transformarem com uma vegetação de encher os olhos de esperança de qualquer nordestino, especialmente os que vivem da terra.
Eu sei que as chuvas causam estragos terríveis, mas geralmente são bem vindas, desde que nas devidas proporções. Se falta chuva, é problema nacional; se chove demais, também. Ela é polêmica, esperada, desejada, profética, temida, passageira ou avassaladora. Não fosse a interferência destrutiva do homem, muitos dos estragos causados por sua queda livre não seriam injustamente atribuídos a ela. "São as águas de março fechando o verão, é promessa de vida no meu coração, e o desejo que esse ano caia muita chuva no sertão, para sangrar barreiros e dar farta colheita.