domingo, 16 de março de 2014

COM QUE ROUPA EU VOU?


Recentemente foi divulgada a repercussão que a postagem de uma professora universitária causou sobre um cidadão no pequeno aeroporto Santos Dumont-RJ, estando a mesma incomodada com sua vestimenta, pelo visto não tão glamourosa e adequada para o airport zona sul carioca. Isso me fez relembrar vários episódios em que fui julgada pela minha vestimenta ou aparência, e não pelas qualidades, ações e perfil nesse mundo globalizado.

Cresci ao lado de parentes que sempre acharam que se vestiam muito bem, mas como meus pais tiveram 04 filhos e não são ricos, vestir os filhos adequadamente nem sempre acompanhou o luxo e consumo da moda. Apesar disso, eu sempre me sentia bem com minhas roupas, não fossem os comentários desagradáveis de parentes que adoravam uma comparação e ostentação. Certo dia, acompanhando uma prima à casa de uma colega de escola, ao chegarmos na porta da casa da cidadã, a mesma nos recebeu dizendo: "me desculpe atender você assim de havaianas, mas é que eu só uso para dar banho nos cachorros" (eu me tornei a acompanhante invisível). Como eu estava com as míseras havaianas, hoje elevadas a item indispensável em displays de aeroportos e nas mais variadas lojas de departamento, travei na calçada e me senti muito constrangida por entrar o mínimo possível na casa dela. Alguns anos mais tarde eu soube que ela e a mãe perderam todo o glamour com a falência do pai e o corte da pensão.

Sei que a roupa abre caminhos, inclusive para ladrões, que a boa aparência é um bom requisito, mas desde quando existe roupa para frequentar aeroporto? No post da professora o cidadão foi chamado de Mr.Rodoviária. Quer dizer então que nas rodoviárias só tem gente mal vestida e classe C? Nas minhas viagens já vi de tudo, inclusive gente mal educada e mal cheirosa. Já vi muito artista viajando com roupas confortáveis e bem comuns e já vi gente com mania de grandeza, toda no ouro para enfrentar 02 horinhas de voo e comer um biscoito rachado e um copo de suco de laranja artificial. Já vi muito gringo com aquele cheiro de quem tomou banho no país deles antes do embarque, super à vontade em Eunápolis, próximo a Ilhéus, com hábitos que enojariam qualquer brasileiro. Mas se eles estivessem no Santos Dumont certamente seriam bem vistos por estarem trazendo euros à cidade maravilhosa.

Em tempos de inversão de valores e consumismo descontrolado, onde ter é cada vez mais importante que ser, até onde uma roupa denota o caráter? Será que um par de sapatos vale mais que o salário pago à empregada? Será que a maquiagem, brincos e perfume importado também visitam o dentista a cada 06 meses? Será que a combinação de cores e estampas também conversa com as atitudes e o modo de ser?

2 comentários:

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  2. OI FLÁVIA!
    GOSTEI DE TEU POST.
    INFELIZMENTE ESTAMOS VIVENDO ESTE MOMENTO, EM QUE A PESSOA VALE PELO QUE VETE E DEMONSTRA TER O QUE É UMA LEVIANDADE, POIS, CONHEÇO PESSOAS QUE SÃO VERDADEIRAMENTE RICAS, A GERAÇÕES E SÃO COMPLETAMENTE SIMPLES, SEM OSTENTAÇÃO NENHUMA.
    NÃO ESTOU TE SEGUINDO POIS ESTOU COM DIFICULDADES EM MEU BLOG, ASSIM QUE RESOLVER, TE SEGUIREI.
    ABRÇS

    http://zilanicelia.blogspot.com.br/

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