Quando eu era criança e chegava o dia dos professores, as "tias" recebiam carinho, cartazes, rabiscos de parabéns no quadro, balões enfeitando a sala, doces e presentinhos dos alunos da classe. Mesmo estudando em escola pública com crianças até mesmo mais carentes que eu e meus irmãos, sempre nos esforçávamos para levar alguma lembrança para a professora como uma forma de reconhecimento pelo seu grande dia.
Que a educação é pauta constante na boca de políticos em época de eleições ou quando ganham uma cadeira no governo, isso todos sabem. Não é novidade que no nosso país o dinheiro da merenda e das cadeiras é desviado, escolas são mal planejadas, salários são desiguais e a profissão virou algo para última escolha ou para os que não tem acesso a outras opções. Nas escolas também não é diferente esse clima de altos e baixos, de desigualdade. Alunos são muitas vezes hostis, arrogantes, indiferentes a todo o esforço do professor, que muitas vezes se acabou de estudar para preparar aquela aula. Mas há aqueles alunos queridos e doces, que me recebem com beijos e abraços, que me procuram escondidos de outros professores para tirar dúvidas e me ensinam tudo que há de mais atual nas redes sociais, séries, memes e filmes. Mesmo que sejam poucos, é por esses que me sinto ponte, é por esses que leio e pesquiso tudo que eles querem saber, mas ainda não entendem. É por esses que ainda vale a pena estar onde gosto de estar, aprendendo, rindo, brincando diante de uma disciplina tão temida.
Mesmo que hoje as comemorações sejam feitas apenas entre os pares (e olhe lá!), porque praticamente nenhum aluno cumprimenta ou felicita-nos pelo dia que nos representa, estou e continuarei onde gosto, fazendo o que sei fazer melhor, conhecendo, interagindo e vendo cada um deles se tornarem homens e mulheres do bem.