Inspirada nesse comentário, fiz uma breve busca e encontrei sambas e valsas com declarações e apelos, vários títulos com nome das musas, mas também as obras nas quais a protagonista mandou aquele recado estilo "o mundo dá voltas! Me aguarde!". Seguem abaixo alguns exemplos e impressões:
Olhos nos olhos - feita sob medida pra voz de Bethânia, fica difícil identificar um trecho que não seja um "olha aí que eu passo é bem sem você por perto". A melodia traz um tom reflexivo e meio cabisbaixo, ao contrário do que narra a protagonista.
A Rita - eita, mulher cruel! Essa aí arrasou com vontade. Lembra os sambas pré-bossa nova, mas com tamanho charme e leveza que a gente canta e nem presta atenção na letra.
Folhetim - apesar de boas atrizes terem interpretado a canção na peça Ópera do Malandro, cada sílaba cabe indiscutivelmente na voz de Gal Costa. Os censores já andavam cansados e não perceberam que se tratava do relato de uma prostituta, mas poderia ser lido hoje sob a ótica da sugar daddy ou da mulher livre, leve e solta.
O Último Blues - composta para o filme Ópera do Malandro, lembra muito Romance Ideal dos Paralamas do Sucesso. Tanto naquela, como nessa a dona da situação explora o recurso da liberdade que a idade oferece para brincar de seduzir e deixar pra lá.
Joana Francesa - feita para o filme interpretado pela atriz francesa Jeanne Moureau, traz um lindo enredo poético consciente de sua efemeridade. Isso se confirma nos versos "songes et mensonges sei de longe, sei cor", que Nara Leão canta com seu jeito cool na minha versão favorita, capturando em definitivo o caráter buarquiano de mergulhar na alma feminina.
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