***
"Vão tomar banho", fardamento na cama, almoço quentinho na mesa e meu irmão eu naquela lerdeza clássica de quem passou a manhã brincando e vendo desenho. Minha mãe perguntava a meu primo:
"Pedro, como faço pra saber a hora pra esses meninos não chegarem atrasados na escola?"
Ele respondia: "É só você lembrar que o jornal começa 1:00 hora!"
Pedro estava falando do Jornal Hoje, que naquela época era pontual, assim como as novelas das 6, das 7 e das 9. A única pessoa que tinha relógio em casa era meu pai, mas ele passava o dia na estrada trabalhando. Com o avanço das importações dos xinguilingue foi que começamos a ter relógio de parede a pilha e um ou outro de pulso. E aí ficamos mais controlados pelo tempo, que outrora era contabilizado pelas horas em que estaríamos brincando na rua, no quintal ou por simplesmente ser manhã, tarde, noite ou hora de dormir. Por isso, ao sairmos, era comum perguntar a um transeunte: "que horas são?" Ao que os mais gaiatos respondiam: "pai nosso e ave-maria!"
***
Fuso horário, criança curiosa que ouve dizer que enquanto aqui é dia, no Japão é "de noite". Adulta viajante que fica hipnotizada ao ver nas recepções de hotel ou aeroportos aquela instalação que dispõe de 3 relógios regulados conforme a hora de 3 países. As aulas de geografia decifraram um pouco desse mistério da infância com a explicação do meridiano de Greenwich. Até descobri recentemente que o GTM da configuração do celular refere-se a ele, e que existe a Jet Lag, a tal síndrome provocada pelo desajuste do fuso em relação ao relógio biológico.
***
Happy hour, a hora do break, a hora que mais gosto de sair, ver a noite caindo...como eu sempre digo: eu gosto da noite, não da night. "A noite é o reino da calma, reino da pausa, tempo de amar", canta Guilherme Arantes. Estrelas no céu, as fases da lua, o clima ameno e a madrugada dos intelectuais inteirinha pela frente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário