domingo, 31 de março de 2019

O PESO DO OLHAR


Vitimismo, negativismo, ingratidão e imaturidade são as palavras que me vem à mente quando vejo este meme. Como é fácil focar na derrota ao invés de fazermos memória de tudo que conquistamos ou que temos direta ou indiretamente. Como temos a tendência de ficarmos remoendo um detalhe em detrimento de 99% de coisas boas que nos cerca, e que nós cegos e alimentados de autopiedade não vemos nem com lente de aumento. 

Nessas horas sempre me lembro de uma professora da faculdade me dizendo "mais distante você já esteve", quando eu perdida não sabia por onde caminhar na reta final do curso. Às vezes, também funciona silenciar e respirar fundo, e ir fazendo tudo com muita concentração e valorizando cada detalhe. Também funciona treinar nossa mente para focar somente no que há de bom em nossas vidas em relação até mesmo ao próximo. 

Ao final do processo, de tanto exercitar muito provavelmente conseguiremos ver mais cor e acreditaremos que tudo passa e se transforma no fluxo da vida.

AMANHÃ EU FAÇO!


Muito tem se falado sobre o mal da procrastinação, como se isso fosse a grande culpada de fracassos e perdas profissionais. Coachings e outros profissionais ensinam vários truques e até a velha agenda virou um "planner" com listas de tarefas que incluem até uma técnica de merecer recompensas a cada bloco de missões cumpridas.

O problema é que temos hoje tantos estímulos que isso colabora para tirar nossa atenção, reduzir o foco e a produtividade seja no que for, desde uma lição da faculdade até uma tarefa doméstica. É inegável que o celular tem sido a principal fonte de dispersão, uma vez que nele temos n possibilidades de interação em um único dispositivo que podemos levar a qualquer lugar.

Voltando um pouco no tempo, quem estudou nos anos 80/90 tinha apenas TV e rádio como recursos efetivos de distração. Quem nunca quis matar aula só pra ver aquele filme de Sessão da Tarde que a gente não fazia a menor ideia de quando teríamos a chance de ver de novo? O rádio era menos inofensivo porque a gente poderia alegar que gostava de estudar ouvindo música. Se a gente quisesse falar com um amigo no fim de semana tinha que ir até a casa dele ou telefonar, ou simplesmente esperar a segunda-feira chegar para revê-lo no trabalho ou na escola.

Retornando aos dias atuais, na minha vida pessoal e de estudos sempre apliquei e recomendo a máxima de Geraldo Vandré: "quem sabe faz a hora, não espera acontecer" e a sabedoria milenar dos pais e avós: "não deixe para amanhã o que você pode fazer hoje". É claro que nem sempre é possível, mas quem se organiza tem tempo a mais para resolver imprevistos que podem pintar mesmo diante do mais meticuloso planejamento. Mas se mesmo assim tudo der errado: paciência! Dê um tempo para sua mente sair do estado de stress e só quando estiver pronto recomece.

O problema do "amanhã eu faço" é que amanhã podem existir outras coisas importantes ou não para concluir e o que mais vejo nessas ocasiões são pessoas jogando tudo para o alto e perdendo "por besteira", por não se organizar como deveria. O pior é que nem tudo era uma coisinha que se pode recuperar depois, mas inscrições não pagas em concursos, currículos não enviados, dentre outras oportunidades diversas de crescimento pessoal e profissional. Por isso, meu conselho continuará sendo: faça a sua parte! Se não rolar, não se culpe! Consciência limpa de que fez o possível é o melhor alívio para evitar a frustração. E quando tiver que tentar de novo e não souber por onde começar, ouça o Coelho Branco de Alice: "comece pelo começo e prossiga até chegar ao fim: então pare."

domingo, 24 de março de 2019

CECILIANDO...



É preciso não esquecer nada: 

nem a torneira aberta nem o fogo aceso, 
nem o sorriso para os infelizes 
nem a oração de cada instante. 

É preciso não esquecer de ver a nova borboleta 
nem o céu de sempre. 

O que é preciso é esquecer o nosso rosto, 
o nosso nome, o som da nossa voz, o ritmo do nosso pulso. 

O que é preciso esquecer é o dia carregado de atos, 
a ideia de recompensa e de glória. 

O que é preciso é ser como se já não fôssemos, 
vigiados pelos próprios olhos 
severos conosco, pois o resto não nos pertence.


(Cecília Meireles)

quarta-feira, 6 de março de 2019

MARCHA DA QUARTA-FEIRA DE CINZAS


Acabou nosso carnaval

Ninguém ouve cantar canções
Ninguém passa mais brincando feliz
E nos corações
Saudades e cinzas
foi o que restou

Pelas ruas o que se vê
É uma gente que nem se vê
Que nem se sorri
Se beija e se abraça
E sai caminhando
Dançando e cantando cantigas de amor

E no entanto é preciso cantar
Mais que nunca é preciso cantar
É preciso cantar e alegrar a cidade

A tristeza que a gente tem
Qualquer dia vai se acabar
Todos vão sorrir
Voltou a esperança
É o povo que dança
Contente da vida, feliz a cantar

Porque são tantas coisas azuis
E há tão grandes promessas de luz
Tanto amor para amar de que a gente nem sabe

Quem me dera viver pra ver
E brincar outros carnavais
Com a beleza dos velhos carnavais
Que marchas tão lindas
E o povo cantando seu canto de paz
Seu canto de paz

PS: o dueto é memorável e a composição é de Vinícius e do parceirinho Carlinhos Lyra. Essa galera sabia das coisas e anteciparam uma canção que caberia muito bem nos tempos de hoje, onde a caretice e a hipocrisia de um rei mal coroado não tolera a alegria do seu povo.