domingo, 25 de dezembro de 2016

SANTA CLAUS IS COMING TO TOWN


Sei que muita gente nunca teve um natal comercial, tradicional para alguns, mas eu tive isso minha infância inteira. O grande mistério sobre Papai Noel desfez-se suavemente, sem dor nem traumas, e era maravilhoso dormir ansiosa e acordar com o presente aos pés da cama. Ceia, amigo secreto, cartões, roupa nova, Missa do Galo (só Vovó e os tios mais velhos assistiam), e muita farra no dia seguinte. Natal ainda é, para meu clã, motivo de muita comemoração!

Engraçado que eu e meus irmãos sempre sonhamos com uma árvore de natal de filme aparelhada com pisca-pisca, mas até hoje nunca tivemos e nem desejamos mais. Quando passei o natal na terra do natal de sessão da tarde era realmente como estar vendo TV: prédios, igrejas e tudo ao meu redor tinha pinheiros de verdade com enfeites incríveis e até um deles tinha um trem com vários brinquedos. Mas hoje gosto mais de ver as árvores famosas nas capitais, ou mesmo aqui na Praça das Mangueiras. Gosto de ver as adaptações da cultura local para fugirmos um pouco do natal de neve que nunca cairá no sertão, rs.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

GENTE! NÃO MANDE MAIS MENSAGEM PARA MIM...

...Porque a minha memória fica muita cheia, muita cheia e eu fico só apagando, apagando. E a minha memória fica muita cheia... 




Todos os dias quando acordo lembro desse apelo de meu primo João, 06 anos, porque recebo e apago vários bom dia, tenha um bom dia, tenha um abençoado dia, etc. E fico pensando: 

# Quem serão essas pessoas que param para elaborar essas imagens, muitas delas até com efeitos especiais? Isso dá dinheiro ou é somente porque elas amam a humanidade e querem tornar o mundo melhor? 

# Por que o Itaú ou o Mastercard ainda não descobriram esses talentos únicos na sociedade? 

# Como é que a Bauducco não as contratou para fazer o meme "coma um panetonne e realize seus sonhos"?


Todos os dias quando acordo não tenho mais o tempo que passou eu tenho que lembrar de tomar meu Levoid, matar a preguiça e levantar da cama, pensar nas tarefas do dia, nas contas a pagar, na parte da casa que vou limpar, nos emails que vou enviar...e nas mensagens que vou apagar.

Isso sem falar das "se receber, não abra pois é vírus", dos vídeos de 4 minutos, das frases com autores que nunca escreveriam aquilo, das denúncias do governo, das piadas sem graça, das informações falsas e repassadas sem o menor filtro. Sem falar de como a gente pode perder o interesse num crush em potencial se ele muda a foto e o status todo dia. Nesse caso, corra ou recomende terapia!

Na verdade, evoluímos dos emails com powerpoint motivacional para o Facebook, que comprou o Whatsapp e virou a mesma coisa, só que mais rápida. Por enquanto, tá tudo bem, até aparecer outro com mais recursos. Ainda acho uma ferramenta útil para conversar com os amigos, resolver coisas de forma bem mais prática e instantânea, e até receber uma mensagem de carinho de vez em quando Mas eu curto mesmo quando ele funciona no sentido literal da sua tradução: e aí?

domingo, 27 de novembro de 2016

ENTÃO, É ADVENTO...


Para nós cristãos católicos, de acordo com o tempo litúrgico, o novo tempo já começou. Percorremos 3 ciclos e voltamos ao Ano A- Primeiro Domingo do Advento, onde acendemos a vela verde representando a esperança na coroa do advento. É um tempo de preparação, de espera vigilante pela chegada do Senhor, por aquele que há de vir. O Papa Francisco nos exorta:

"Neste tempo de advento, somos chamados a ampliar o horizonte de nosso coração, a deixarmo-nos surpreender pela vida que apresenta a cada dia suas novidades. Para isso, é preciso aprender a não depender de nossas seguranças, de nossos esquemas demarcados, porque o Senhor vem na hora que não imaginamos. Vem para nos conduzir a uma dimensão mais bonita e maior."

sábado, 19 de novembro de 2016

SAINDO À FRANCESA


Minha amiga Soberana publicou recentemente em seu blog uma frase na qual me encontro inteira: "Eu me excluo quando percebo que não faz diferença eu estar ali ou não". Isso me lembrou a expressão "sair à francesa", algo que faço quase que incorrigivelmente. É tão voluntário quanto o ato de uma criança que larga um brinquedo e vai brincar com outro, ou volta para junto da mãe quando numa festinha ou reunião de família percebe que não foi convidada para a brincadeira com as crianças presentes.

Quando criança isso acontecia bastante na escola, e tirando a rejeição natural que toda criança normal sente, me contentava em ficar olhando a brincadeira de longe, ou fazia pior: fugia da escola e ia comer a merenda em casa, onde ainda via um pouquinho de sessão da tarde. Como morava na mesma rua, o vigia nem percebia e, mesmo sendo 20 minutinhos, era um momento para eu respirar feliz, longe de tudo e de todos. Não era sempre, mas era um hábito.

A partir da quinta série ficou mais complicado. Tinha que andar em um pequeno grupo que fazia parte de um projeto, pegar ônibus para ir à escola e já era uma época de, naturalmente, fazer mais amizades. Mas aos 13 anos, no final do que hoje chamamos de Fundamental II, fugia para a biblioteca. Quando minhas colegas me procuravam, lá estava eu folheando os livros ou repetindo a merenda com a fila já vazia, e o pátio também. .

Mas a expressão sair à francesa vai muito mais além, e casa perfeitamente com meu temperamento INFJ, ou como costumo brincar "dentro de Flávia Jorlane". O hábito vem de precisar renovar as energias, se sentir exausto em meio a muitas pessoas, mesmo sendo queridas. Por isso, a aversão a grandes festas, onde é preciso cumprimentar muitas pessoas, dar atenção, etc. Chega uma hora que a vontade é sair de fininho e deixar o povo lá se divertindo, gente diferente de mim, que me canso facilmente da multidão e das convenções. Quando o grupo de amigos é pequeno, até parece fácil, desde que alguns não estejam "etilisados" e comecem aquela choradeira e abraço vai, abraço vem, role aquele momento "quando a bebida entra a verdade sai", e aí fique ainda mais difícil cair fora.

Na verdade, o meu sair à francesa também é um recurso para evitar despedidas, especialmente aquelas bem difíceis. No caso das triviais ou cotidianas, tento ser educada e pronto. É um exercício diário, e com isso vem a coleção de explicações, que quanto menos forem, melhor. Se preciso for, serei a top of master da diplomacia, mas podendo sair discretamente, saio sim e feliz da vida, sem perder a pose nem a compostura.


sexta-feira, 18 de novembro de 2016

É 2016. TENHO 38, MAS NÃO PARECE...

É 1991.
Talvez seja o tempo mais brilhante e atravessado pela noite que esse mundo já viu. Eu tenho 35 anos. Às vezes, quando eu digo isso alguém rapidamente responde: "mas não parece", como se fosse ruim ter mais de 30 anos. Mas para mim não é assim. Para mim, a infância, a adolescência, os 20 anos, eu os vivi até o fim para chegar a esta idade. Eu tenho 35 anos em 1991 e não há nada melhor do que isso.

(Extraído do encarte do disco Marina Lima)

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

CONTINUE ASSENTANDO OS TRILHOS...


 
Enquanto ateava fogo à lareira, o bondoso corretor de imóveis narrava uma pequena história a Frances:

“Senhora, entre a Áustria e a Itália há uma parte nos Alpes chamada Semmering. É uma região de montanhas muito íngreme e alta. Assentaram os trilhos nessa parte dos Alpes para ligar Viena e Veneza. Assentaram os trilhos antes mesmo que houvesse trem para percorrer o trajeto. Construíram porque sabiam que um dia o trem chegaria”.
De Viena à Veneza são 420 quilômetros, Semmering está no meio do caminho, com suas montanhas quase intransponíveis e belas paisagens – uma estância turística. O tramo ferroviário de Semmering possui 41 quilômetros de longitude e foi declarado patrimônio da humanidade pela UNESCO, em 1998. De fato, era ousado desbravar esta região montanhosa. Aquele corretor sabia o que estava dizendo, ou ele tinha boas razões para afirmar que não devemos nos preocupar com a vida e seus “porquês”; tenham sonhos e assentem os trilhos, o trem um dia vai chegar. 
O universo conspira com nossos pensamentos e aspirações; abrindo trincheiras, construindo pontes e caminhos. Chegará o dia em que iremos atravessar por eles e perceber que nada foi em vão, valeu ter lutado. Perguntas sem respostas, distâncias percorridas, vidas doadas — tenhamos paciência e deixemo-nos seguir. Pode ser que tudo mude no meio do caminho, mas haverá sempre uma vida a nos esperar. Apontemos o horizonte como uma seta; conheçamos bem a região, as matas e as montanhas que iremos desbravar; carreguemos as chulipas nos ombros e as assentemos; depois sobre elas, os trilhos — bem fixos. Um dia chegará a hora de o trem passar.
  
Em: http://anttoniocronica.blogspot.com.br/2011/07/hora-de-o-trem-passar.html

POR MAIS TOLERÂNCIA E MENOS PRÉ-JULGAMENTOS


quarta-feira, 31 de agosto de 2016

PALAVRA DO MÊS #8

"Canto novo ele pôs em meus lábios, um poema em louvor ao Senhor. Muitos vejam, respeitem, adorem e esperem em Deus confiantes." (Salmo 39/40)

Nesse mundo imediatista e touch screen que vivemos é difícil demais esperar, esperar qualquer coisa, pois com o avanço da tecnologia tudo ficou instantâneo. Só que a vida não é de repente, e muitas vezes temos que orar anos e anos a fio para a graça acontecer. Porque como diz Edith Stein, o que vale a pena possuir, vale a pena esperar.

PALAVRA DO MÊS: ÁTIMO

Onde vi/ouvi? Em algum texto de Clarice Lispector que não recordo agora.

O que significa? Instante; período de tempo muito curto; momento breve. Porção pequena ou reduzida de algo.

Como a empregaria em uma frase/fala/conversa/história? Num átimo nossa vida pode mudar, assim como ocorre o ponto de viragem entre um ácido e uma base.

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

CORAÇÃO DE ESTUDANTE

Já ouvi muitas pérolas nos meus anos de sala de aula, mas a principal é esta abaixo. Hoje, os alunos não querem mais copiar: querem gravar, filmar pra ver depois ou fotografar o quadro. A habilidade de coordenação motora está se perdendo cada vez mais, embora hajam os que tiram muito proveito da tecnologia.



As respostas a essa pergunta nem sempre agradavam:

#1- Não! Eu só estou testando o piloto!
#2- Não! Só estou avaliando o atrito da superfície.
#3- Não! Eu gosto de ficar escrevendo de costas para vocês.

Ainda tem as perguntas ansiosas:

#1- Professora, a senhora já mandou a ementa? (primeiro dia de aula) Resposta: Me dá o email da turma que eu mando.
#2- Professora, a senhora já mandou a ementa? (segundo dia de aula) Resposta: Sim! desde a semana passada quando você me deu o email da turma.
#3 - Professora, a senhora já marcou a prova? Resposta: Não! Eu nem pensei nisso ainda!
#4 - Professora, quando vai ser a prova? Resposta: Calma! Estamos só começando!
#5 - Mas quando a senhora marcar vai avisar quantos dias antes? Resposta: O suficiente para você estudar.
#6 - Quantas questões tem na prova? (faltando 1 dia) Resposta: Ainda não preparei...
#7 - Isso vai cair na prova? Resposta: Ainda não decidi.
#8 - E se cair isso tem que responder desse jeito? Resposta: É claro! Ou vocês acham que eu gosto de ficar enfeitando o quadro com este monte de fórmulas?
#9 - Professora, é pra fazer o que nessa questão? Resposta: leia o enunciado.

E por aí eu vou andando com essas turmas queridas...Feliz dia do estudante!


sexta-feira, 5 de agosto de 2016

O MEDO DE AMAR É O MEDO DE SER LIVRE


O medo de amar é o medo de ser livre
Para o que der e vier
Livre para sempre estar
Onde o justo estiver

O medo de amar é o medo de ter
De a todo momento escolher
Com acerto e precisão
A melhor direção

O sol levantou mais cedo e quis
Em nossa casa fechada entrar - pra ficar

O medo de amar é não arriscar
Esperando que façam por nós
O que é nosso dever - recusar o poder

O sol levantou mais cedo e cegou
O medo nos olhos de quem foi ver
Tanta luz
(Beto Guedes-Fernando Brant)

A VIDA SECRETA DAS PALAVRAS

 

Josef: Achei que... você e eu...
talvez pudéssemos ir embora
para algum lugar juntos...
um dia desses.
Hoje.
Agora.
Venha comigo, Hanna.

Hanna: Não, eu...
...acho que não vai ser possível.

Josef: - Por que não?

Hanna: Porque eu acho que,
se formos embora...
para algum lugar juntos,
receio que, um dia...
talvez não hoje, talvez...
nem amanhã, mas um dia,
de repente...
vou começar a chorar tanto, que nada
nem ninguém vai me fazer parar.
As lágrimas vão encher o quarto,
não vou conseguir respirar...
vou levar você para o fundo comigo,
e nós dois vamos nos afogar.

Josef: Eu vou aprender a nadar, Hanna.
Eu juro.
Eu vou aprender a nadar.

A vida secreta das palavras é...a vida secreta das palavras. Que filme incrível! A vontade era que eles ficassem ali conversando e se conhecendo por horas. O "eu vou aprender a nadar" só faz sentido no final. São duas mudanças de vida que ocorrem a partir dessa frase, mudanças que foram acontecendo ao longo do filme e que eles decidiram tomar. Ela poderia ter ficado enfurnada em seu apto durante as férias, mas resolveu transpor o sofrimento vivido na guerra, as perdas irreparáveis, os traumas emocionais e físicos para cuidar do outro, de um estranho que só receberia seus cuidados e pronto.
Mas esse estranho era espontâneo demais, não tinha nada a perder e, ao mesmo tempo, precisava se encontrar. E encontrou em Hanna o seu oposto e o seu par. Deixou de ser ímpar, de se perder em seus impulsos inconsequentes e aprendeu a nadar...e a amar.

domingo, 31 de julho de 2016

ENCONTRO COM A PALAVRA #7

"Eu agradeço vosso amor, vossa verdade,/ porque fizestes muito mais que prometestes;/ naquele dia em que gritei, vós me escutastes/ e aumentastes o vigor da minha alma." (Salmo 137)

Mesmo às custas de dúvida e angústia, medos e decepções, o Senhor tem me provado ao longo da minha vida que sempre prepara o melhor para mim.

PALAVRA DO MÊS: ÓBICE

Onde vi/ouvi? No deferimento de um juiz da AGU sobre a implantação do ponto eletrônico para professores EBTT e do Magistério Superior.

O que significa? Aquilo que obsta, impede; empecilho, estorvo.

Como a empregaria em uma frase/fala/conversa/história? A corrupção e a desorganização, aliadas ao jeitinho brasileiro, são os óbices do sucesso da realização das olimpíadas.

quinta-feira, 28 de julho de 2016

CONFISSÕES NO GRAVADOR


Clarice Lispector admirava Chico Buarque. Certa vez, marcou com Chico uma entrevista. Foi uma conversa curiosa. Chico Calado, meio sem jeito. A escritora tímida e ao mesmo tempo encantada, perguntava:

- O que é mais importante no mundo?
Chico: Trabalho e amor.
- E para você como indivíduo?
Chico: Liberdade para trabalhar e amar.
- O que é o amor?
Chico: Não sei definir, e você?
- Nem eu.

(Extraído do livro "Para Seguir Minha Jornada Chico Buarque" de Regina Zappa)

quarta-feira, 20 de julho de 2016

RECICLARIA

"Ainda não descobri como salvar a humanidade,
 mas estou aprendendo, dia após dia,
 a salvar a mim mesmo...
 Vida é movimento, é esforço, é marcha para frente.
  Nada é mais perigoso do que querer descansar.
 É na ação, no esforço que você deve achar repouso."



 Continua...

AOS VELHOS E NOVOS...


quarta-feira, 29 de junho de 2016

ENCONTRO COM A PALAVRA #6

Certo dia, Jesus estava pregando em um lugar retirado, e os discípulos estavam com ele. Então, Jesus perguntou-lhes: "Quem diz o povo que eu sou?" Eles responderam: "Uns dizem que és João Batista; outros, que és Elias; mas outros acham que és algum dos antigos profetas que ressuscitou". Mas Jesus perguntou: "E vós, quem dizeis que eu sou?" Pedro respondeu: " O Cristo de Deus". (Lucas 9, 18-20)

À pergunta que Jesus propõe, nossa resposta dependerá, sem dúvida, de como estamos deixando que Deus se revele a nós e de como estamos dispostos a gastar a vida, neste mundo, pela mesma causa que a de Jesus.

PALAVRA DO MÊS: HISTRIÔNICO

Onde vi/ouvi? Na entrevista de Jô a Ney Latorraca.

O que significa? Diz-se da pessoa histérica que se comporta de maneira exagerada, buscando ser o centro das atenções; que possui histrionismo. Que se refere a histrião, comediante, farsista ou palhaço.

Como a empregaria em uma frase/fala/conversa/história? Não é muito raro encontrar um histriônico doido pra sair do armário.

ZILÁ E BRANCA


"Mas não se refestele no sofá. Isso é muito pobre! Senta na ponta, é mais chique!"

Esta cena épica de Zilá e Branca Letícia de Barros Mota retrata bem o distanciamento das classes sociais, tema recentemente tratado no premiado "Que Horas Ela Volta?". No final, abandonada pela família, só resta a empregada invisível e bode expiatório de seus ataques de vaidade para fazer-lhe companhia e dividir um Martini. Para não perder a pose, ela ainda dá uma dica sutil a Zilá, e depois desse dia nunca mais me refestelei no sofá alheio, rs.

quinta-feira, 16 de junho de 2016

ACHADOS E PERDIDOS #3

Marcas imitam marcas, fragrâncias são copiadas, mas seguramente esse pecado é mais cometido por músicos e empresários do ramo fonográfico. Quando a coisa caminha na mesma sintonia é como comprar o perfume nacional e descobrir que existe o importado, algumas vezes de qualidade inferior à cópia, como é o caso do meu inesquecível XV Years da Água de Cheiro e do meu atual CK One. Semelhante ao perfume citado, há umas versões musicais que na minha opinião superam a original, enquanto outras acabam de rolar precipício abaixo com a primogênita concebida sabe lá pra qual tipo de audição.

No primeiro estudo de caso, demorei a perceber a linda letra "A Noite" escrita pela  Tiê & equipe para "La Notte" da cantora italiana Arisa, por não ter paciência para Bruna Marquezine com aquela carinha marketing de ex-Neymar e/em Paraisópolis. Na canção de Arisa, o que se salva é o refrão, porque nas estrofes só me vem à memória náusea, Dramin, Sonrisal de madrugada, comida que fez mal, Figatil, ressaca, enxaqueca e vômito, que literalmente está lá na letra. E olha que essa música fez muito sucesso na Itália, levando um disco de platina e ficando em segundo lugar no Festival de San Remo! Confiram as respostas da anamnese:

Não basta um raio de sol num céu azul como o mar
Porque carrego uma dor que sobe, que sobe
Para nos joelhos que tremem, e eu sei por quê
E não para a corrida, ela não quer parar
Porque é uma dor que sobe, que sobe e faz mal
Agora está no estômago, fígado, vômito, finjo mas está
(...)
O estômago resistiu ainda que não queira comer
Mas tem a dor que sobe, que sobe e faz mal
Chega no coração e quer batê-lo mais forte que eu
Prossegue na sua corrida, pega aquilo que sobra
E de repente explode e estoura a minha cabeça
Queria uma resposta, mas, no fundo, não tem resposta

Arisa comemorando o Coqueiro de Ouro
Tiê blasé com seu sucesso nacional
No segundo estudo de caso, vamos àquela que mais usa as rimas lua/nua/rua em suas mais variadas letras, cujas melodias me dão um trabalhão para distingui-las, até chegar na tríade + voz grave + refrões chiclete = Ana Carolina, cantora de nome singular e letras tão populares. Não bastassem as letras enigmáticas como "Eu pulo as janelas, será que eu tô trancado aqui dentro? Será que você tá trancado lá fora?", ela atingiu seu ponto máximo de criatividade na inesquecível "É isso aí". Tudo começa bem, básico, mas aí lá vem a rima clássica:

Como farei a próxima tradução virar sucesso?
É isso aí
Os passos vão pelas ruas
Ninguém reparou na lua

A vida sempre continua

As coisas melhoram no refrão, em seguida vem uma estrofe que me lembra as letras de Gilberto Gil, mas aí vem o trecho candidato ao Oscar de melhor "adaptação":

É isso aí
Um vendedor de flores

Ensinar seus filhos a escolher seus amores

Mas acho mesmo que a maldição da letra "ahn? quem? cuma?" já vem desde quando Zélia Duncan tentou fazer algo para Simone e gerou uma estrofe assim:

Então me diz!
Qualquer história
De amor e glória
Eu sei!

Não dá mais pra voar...
Então me diz!
Frases feitas comuns
Já sei, ficamos no ar

Mais que o normal...

Ou melhor, os brasileiros não tem culpa. A origem de tudo está em Damien do Arroz Rice, que fez The Blower's Daughter reza a lenda inspirado em uma garota que ele conheceu por telefone quando trabalhou em um call center. Depois de Closer, de Simone e de Ana Carolina ele deve ter ganhado uma graninha dos direitos autorais, porque tirando o refrão hit-certo-sucesso-garantido, uma das estrofes então me diz:

Pensando na filha do vento
And so it is  / E então é isso
The colder water / A água gelada
The blowers daughter / A filha do vento

The pupil in denial / A aluna rejeitada  

Mas por que Ana Carolina, Simone, Zelia Duncan e Seu Jorge diante de um troço que já era sucesso mundial não cantaram em inglês mesmo ou assim bonitinho como está aí, com rima certinha e tudo, gente? Mim não sabe nem você nunca vai saber.


Encerrando os trabalhos, sem pedir bis, lembrei de outro causo de uma certa feiticeira do gelo seco + bocão + performance pré-sofrência = Rosana (sem "h"). O hit "O amor e o poder" (Como uma Deusa) ficou nas paradas do Globo de Ouro, Chacrinha, FM e AM Consolo de Empregada por várias semanas. A versão feita para "The Power of Love" originalmente de Jennifer Rush, mas regravada pelo Air Supply, Celine Dion entre outros, denota o clássico caso, estilo "ainda ficaremos juntos de verdade". As loucuras de amor e o fogo incandescente da paixão vem logo no começo:

Eu saio dos seus olhos
eu rolo pelo chão
feito um amor que queima
magia negra, sedução

Se tivessem escrito "magia lenta" a pobre feiticeira não teria sido acusada pelas mesmas pessoas que achavam que o Fofão era tão perigoso quanto Freddy Krueger. Mas o caldeirão entra em efervescência mesmo no refrão:

Como uma deusa você me mantém ($$$)
e as coisas que você me promete diz me levam além 


A letra original não fica tão distante da ideia da "metade da laranja, dois amantes, dois irmãos" e da promessa de um dia ele largar a gerência da matriz pra fazer render a filial. Tudo começou com sussurros de amor, foi sensualizando, se declarou no refrão e jogou aquela conversa pra boi dormir no final:

We're heading for something / Estamos caminhando para algo
Somewhere I've never been / Em algum lugar que eu nunca estive
Sometimes I am frightened / Às vezes eu estou assustado
But I'm ready to learn / Mas estou preparado para aprender
Of the power of love / O poder do amor 



Essa galera toda que sabe tirar leite de pedra e transformar abacaxi em uva, ou não!



segunda-feira, 13 de junho de 2016

ACHADOS E PERDIDOS #2


Quando vejo essas relíquias, esses talentos tropicalistas e mais originais impossível, me orgulho de ser de um país que exporta música e arte. Embora "O Seu Amor" seja uma canção de protesto, uma resposta ao slogan da ditadura repressora que dizia "Brasil, ame-o ou deixe-o", os versos minimalistas se somam em uma melodia romântica e suave.Vontade de ouvir várias e várias vezes, como um mantra ou uma canção de ninar.

O seu amor
Ame-o e deixe-o
Livre para amar
Livre para amar
Livre para amar
 
O seu amor
Ame-o e deixe-o
Ir aonde quiser
Ir aonde quiser
Ir aonde quiser
 
O seu amor
Ame-o e deixe-o brincar
Ame-o e deixe-o correr
Ame-o e deixe-o cansar
Ame-o e deixe-o dormir em paz
 
O seu amor
Ame-o e deixe-o
Ser o que ele é
Ser o que ele é
Ser o que ele é.

quinta-feira, 9 de junho de 2016

CLARICE LISPECTOR PARA JUNHO


De tanto ler autorias improváveis para frases e pensamentos de autores famosos da literatura brasileira, fiz um trabalho de colheita no livro "As Palavras" de Roberto Corrêa dos Santos e deixo aqui uma pequena amostra do tema "amor/relacionamento/paixão", que só perde para o tema "autoajuda", que é o mais citado erroneamente. Segundo o curador/pesquisador "para estar na terra mental de Clarice, impõe-se a inquietude, o atentar para avisos e sutilezas, e a grande paixão pelo viver, pelo pensar, pelo sentir". Assim, peço aos leitores deste post que façam a devida referência ao citar os frutos aqui colhidos.
 

A um certo modo de olhar, a um jeito de dar as mãos, nós nos reconhecemos e a isto chamamos de amor.

Amor é quando é concedido participar um pouco mais.

Amor é a desilusão do que se pensava que era amor.

Eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando duas compreensões, eu amava. Não sabia que, somando duas incompreensões, é que se ama.

Me abrace, que no abraço mais do que em palavras, as pessoas se gostam.

Nos braços de alguém eu morro toda.
 
Eu te amo como sempre estivesse te dizendo adeus.

Estou sofrendo de amor feliz. Só aparentemente é que isso é contraditório.

Não quero mais me expressar por palavras: quero por "beijo-te".

Quando eu digo te amo, estou me amando em você.

Amor demais prejudica os trabalhos.

Para te escrever eu antes me perfumo toda.

O que estraga a felicidade é o medo.

Eu o vi de repente e era um homem tão extraordinariamente bonito e viril que eu senti uma alegria de criação.

Um dia dissestes que me amavas. Finjo acreditar e vivo, de ontem para hoje, em amor alegre.

Como fazer se não te enterneces com meus defeitos, enquanto eu amei os teus.

Simplesmente eu sou eu. E você é você. É vasto, vai durar.

Olha para mim e me ama. Não: tu olhas para ti e te amas. É o que está certo.

"Eu te amo" era uma farpa era uma farpa que não podia se tirar com uma pinça. Farpa incrustada na parte mais grossa da sola do pé.

Apesar de, se deve amar.

Ele era um homem, ela era uma mulher, e milagre mais extraordinário do que esse só se comparava à estrela cadente que atravessa quase imaginariamente o céu negro e deixa como rastro o vivido espanto de um Universo vivo.

Não nos temos entregue a nós mesmos, pois isso seria o começo de uma vida larga e nós a tememos.

Temos disfarçado com falso amor a nossa indiferença, sabendo que nossa indiferença é angústia disfarçada.

Pode-se aprender tudo, inclusive a amar.

Não há modo mais perfeito, embora inquieto, de usar o tempo: o de te esperar.

Não sabia que nome dar ao que a tomara ou ao que, com voracidade, estava tomando senão o de paixão.

Quero o que você é, e você quer o que eu sou.

Queria que você, sem uma palavra, apenas viesse.

Eu sou tua e tu és meu, e nós é um.

Eu está apaixonada pelo teu eu. Então nós é.

Amor será dar de presente um ao outro a própria solidão? Pois é a coisa mais última que se pode dar de si.

Dar a mão a alguém sempre foi o que esperei da alegria.

Se eu não falar eu me perderei, e por me perder eu te perderia.

Não quero te dar o susto do meu amor.

Chegará o instante em que me darás a mão, não mais por solidão, mas eu agora: por amor.

Ah, meu amor, não tenha medo da carência: ela é o nosso destino maior.

O amor é tão mais fatal do que eu havia pensado, o amor é tão mais inerente quanto a própria carência, e nós somos garantidos por uma necessidade que se renovará continuamente.

O amor já está, está sempre. Falta apenas o golpe da graça - que se chama paixão.

A graça da paixão é curta.

Depois que se é feliz o que acontece? O que vem depois?


Quando o amor é grande demais torna-se inútil: já não é mais aplicável, e nem a pessoa amada tem a capacidade de receber isso.

O sentimento mais rápido, que chega a ser apenas um fulgor, é o instante em que um homem e uma mulher sentem um no outro a promessa de um grande amor.

Sentimentos são água de um instante.





terça-feira, 31 de maio de 2016

ENCONTRO COM A PALAVRA #5

"Segue, depois, o que aconselha o coração, pois ninguém te é mais fiel do que ele. De fato, o ânimo do homem costuma advertir melhor do que sete sentinelas postadas no alto para vigiar. E acima de tudo isto suplica o altíssimo para que conduza teu caminho dentro da verdade." 
(Eclesiástico37, 13-15)

Alguns dizem que o coração é como vela que se agita ao vento, e que preferem a razão à emoção. Mas quando silenciamos e nos retiramos podemos encontrar respostas e agir de um modo que nos faça ouvir críticas. Mas se estamos centrados na Palavra e no que diz o nosso coração, certamente caminharemos para a decisão mais acertada.

PALAVRA DO MÊS: EXTEMPORÂNEA

Onde vi/ouvi? Em 9 dos 10 discursos a respeito da decisão do deputado Waldir Maranhão sobre a votação a favor do impeachment.

O que significa? Que ocorre fora do período ideal; que se manifesta numa época inapropriada; que acontece além do tempo determinado.

Como a empregaria em uma frase/fala/conversa/história? As manifestações do povo brasileiro para uma crise protagonizada por aqueles que eles mesmos elegeram é extemporânea.

quinta-feira, 26 de maio de 2016

NOVENTERAPIA


 "So I've been thinking of the way you used to talk to me
And now it seems we never talk at all"
(Slipping away - Information Society)

Um dia frio, um bom canal pra ver um vídeo...ainda mais se ele for gótico e dos anos 90, mais precisamente em 1992 quando foi ao ar a novela Perigosas Peruas, que substituiu Vamp. Ambas contavam com uma trilha sonora que fazia com que as FM's bombassem e deixassem o locutor de folga por 1h de música boa. Quando o pessoal saudosista se lamenta  dessa época tem toda razão, e se tem um legado que as novelas da Globo deixam são as trilhas sonoras. Nessa esteira, fizeram sucesso no Brasil bandas que nunca conseguiram o mesmo sucesso nem em seus próprios países. E graças às almas caridosas do Youtube posso achar as pérolas do Information Society, REM, Pet Shop Boys, A-Ha, Tears for Fears, The Cramberries, entre outras de sucesso filho único de mãe solteira.


quinta-feira, 19 de maio de 2016

NESSA FINITA HIGHWAY


"Moving down the highways of my life
Makin' sure I stay to the right
Reading all the signs along the way
Leaving all the sorrows and the pain."
(The Isley Brothers- The Highways Of My Life)

sábado, 30 de abril de 2016

ENCONTRO COM A PALAVRA #4

(Isaías 61, 8-11)

PALAVRA DO MÊS: ABJURAR

Onde vi/ouvi? No livro "As Palavras" que reúne as verdadeiras "palavras" de Clarice Lispector.

O que significa? Renunciar publicamente a uma religião, a uma opinião, a um sentimento;
renegar (crença, convicção, princípio moral etc.) em que antes acreditava.

Como a empregaria em uma frase/fala/conversa/história? Ao longo da atual crise política brasileira, muitos petistas abjuraram seu estimado e idealista partido.

sexta-feira, 15 de abril de 2016

VOLÁTIL, MUTÁVEL, VERSÁTIL...

"Não me iludo
Tudo permanecerá
Do jeito que tem sido
Transcorrendo
Transformando
Tempo e espaço navegando
Todos os sentidos...
(...)
Não se iludam, não me iludo
Tudo agora mesmo pode estar por um segundo."
(Gilberto Gil)

DESPEDIDA


"E, quando regou a flor pela última vez e se preparava para abrigá-la sob sua redoma, sentiu-se com vontade de chorar.
- Adeus - disse ele à flor.
Mas ela não respondeu.
- Adeus - ele repetiu.
A flor tossiu. Mas não era por causa do seu resfriado.
- Fui tola - disse-lhe por fim. - Você me perdoa? Trate de ser feliz.
Ele ficou surpreso pela ausência de censuras. Continuava ali, desconcertado, a redoma no ar. Não compreendia aquela suave serenidade.
- Mas claro, eu amo você - disse a flor. - Você nunca soube, por culpa minha. Não tem importância. Mas você foi tão tolo quanto eu. Trate de ser feliz...Deixe essa redoma em paz. Não quero mais.
- Mas o vento...
- Não estou tão resfriada assim...O ar fresco da noite me fará bem. Sou uma flor.
- Mas os animais...
- Tenho de tolerar duas ou três lagartas se quiser conhecer as borboletas. Parece que são lindas. Senão, quem virá me visitar? Você vai estar longe. Quanto aos animais ferozes, não tenho medo. Tenho minhas garras.
E mostrava ingenuamente seus quatro espinhos. Depois acrescentou:
- Não se demore tanto, é irritante. Você decidiu ir embora. Vá.
Pois ela não queria que ele a visse chorar. Era uma flor tão orgulhosa..."
(Antoine de Saint-Exupéry)

domingo, 10 de abril de 2016

ACHADOS E PERDIDOS #1

Como não ou fã de sala escura + projetor, não sofro nem um miligrama de melancolia por não morar em uma capital com shopping + cinema. Sempre consigo achar coisas legais disponíveis, porque um site leva a outro, uma palavra revela um livro e o mundo é mesmo uma ervilha.

Se a arte é mesmo atemporal, eu sou a mais perfeita testemunha do fato. Não me importo em conhecer um filme ou uma música 10 ou 20 anos após seu lançamento, até porque curto muito coisas que foram ao ar antes de eu nascer ou quando ainda ensaiava as coreografias da Xuxa. E tem sido nessa perspectiva que tenho assistido aos filmes que nunca vi e lido os livros que não pude ler no meu exílio estudantil.

Começando por Woody Allen, além do clássico Noivo Neurótico, Noiva Nervosa, passei por Contos de Nova Iorque, Você vai conhecer o homem dos seus sonhos, Todos dizem eu te amo, Meia-noite em Paris, Magia ao Luar, Blue Jasmine para voltar ao início da carreira com Sonhos de um Sedutor. Nesses filmes há geralmente jazz, situações tragicômicas revelando a vulnerabilidade dos sentimentos, monólogos, personagens imcompreendidos e muita coisa pra aprender sobre os altos e baixos da vida humana. Mas em Sonhos de um Sedutor, Woddy Allen é a estrela do filme e da comédia que não é só risos, mas também reflexão sobre expectativas x realidade no campo amoroso. Há anos ele vem se repetindo, já errou um bocado, mas já acertou muitas vezes. Como resistir a esse clássico?






quinta-feira, 31 de março de 2016

ENCONTRO COM A PALAVRA #3

Por ocasião da quaresma, a CNBB lançou este ano a Campanha da Fraternidade com o tema "Casa Comum, Nossa Responsabilidade". Aliado ao sentido da quaresma, este ano estamos vivendo o ano da misericórdia, dentre as quais destacam-se algumas obras que devemos realizar não somente nos 40 dias:

" 6Sabeis qual é o jejum que eu aprecio? - diz o Senhor Deus: É romper as cadeias injustas, desatar as cordas do jugo, mandar embora livres os oprimidos, e quebrar toda espécie de jugo.7É repartir seu alimento com o esfaimado, dar abrigo aos infelizes sem asilo, vestir os maltrapilhos, em lugar de desviar-se de seu semelhante.8Então tua luz surgirá como a aurora, e tuas feridas não tardarão a cicatrizar-se; tua justiça caminhará diante de ti, e a glória do Senhor seguirá na tua retaguarda.9Então às tuas invocações, o Senhor responderá, e a teus gritos dirá: Eis-me aqui! Se expulsares de tua casa toda a opressão, os gestos malévolos e as más conversações;10se deres do teu pão ao faminto, se alimentares os pobres, tua luz levantar-se-á na escuridão, e tua noite resplandecerá como o dia pleno.11O Senhor te guiará constantemente, alimentar-te-á no árido deserto, renovará teu vigor. Serás como um jardim bem irrigado, como uma fonte de águas inesgotáveis.12"
(Isaías 58)

PALAVRA DO MÊS: MIXÓRDIA

Onde vi/ouvi? No livro "Dado Villa-Lobos Memórias de um Legionário", onde conheci outros pontos de vista sobre as muitas histórias de Renato Russo.

 O que significa? Mistura de coisas variadas, confusão, bagunça, situação ou fato atrapalhado.

Como a empregaria em uma frase/fala/conversa/história? Apesar de não gostar de barulho e povão, de vez em quando mergulhava na mixórdia do Saara no centro do Rio para aprender a conviver com outra cultura.

quarta-feira, 30 de março de 2016

NO BRASIL DOS BAOBÁS


"Com efeito, havia no planeta do pequeno príncipe, como em todos os planetas, ervas boas e ervas daninhas. Portanto, sementes boas de ervas boas e sementes daninhas de ervas daninhas. Mas as sementes são invisíveis. Dormem no segredo da terra até que a uma delas venha o capricho de despertar... Então ela se estira e, de início timidamente, lança ao solo um maravilhoso brotinho inofensivo. Se for um broto de rabanete ou de roseira, pode-se deixar crescer à vontade. Mas, se for uma planta daninha, é preciso arrancá-la imediatamente, logo que se consiga reconhecê-la.

Ora, havia sementes terríveis no planeta do pequeno príncipe...eram as sementes de baobá. O solo do planeta estava enfestado delas. Ora, se se percebe o baobá tarde demais, nunca mais se consegue extirpá-lo. Ele toma conta de todo o planeta. Perfura-o com suas raízes. E se o planeta é demasiado pequeno e se os baobás são demasiado numerosos, acabam por estourar com ele." (O pequeno príncipe- Antoine de Saint-Exupéry)

sábado, 19 de março de 2016

MEU MINECRAFT FAVORITO

Coisa mais linda é a gente ver um bebê lindo crescer e se tornar um menino inteligente, bom aluno e obediente aos pais. Ele adora desenhar e já falei dele aqui no blog. Somos parecidos e nascemos no mesmo dia. Como todo menino da sua geração, ele ama tecnologia, mas não dispensa uma boa leitura. É muito criativo e autodidata, e por isso criou um canal no YouTube (André Games) e está se divertindo com isso.

Qual o nome do primeiro vídeo? "Minha querida prima".
Idade: 10 anos.
Rendimento escolar: ainda está nas primeiras avaliações este ano, mas ano passado fechou com 10 em TODAS as disciplinas em uma escola bem exigente.
Como não ser fã do meu minecraft favorito?


terça-feira, 8 de março de 2016

terça-feira, 1 de março de 2016

ESCOLHAS


"Todo amor acaba diante de dois caminhos: o verdadeiro e o que vale a pena."
 (Cruz - Marcelo Donatti)

PLANOS PARA O FUTURO


Halana: Levi, quando eu crescer quero ser veterinária. E você, o que quer ser quando crescer?

Levi: quando eu crescer eu quero ter 7 anos, Halana.



segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

ENCONTRO COM A PALAVRA #2

Fevereiro foi um mês de luta, de batalhas vencidas e frustradas. Eu não sou do tipo que desisto e me entrego na primeira dificuldade em nada na vida. Sendo meu direito então, eu arregaço as mangas e vou caminhando como em "Metal contra as nuvens":  "não aprendi a me render, que caia o inimigo então". Nesse vai e vem de ligações, emails e problemas, aderi ao whatsapp e ao contato com meus amigos de fé. Foi então que aconteceu o meu encontro com a palavra, que me fortaleceu para continuar perseverando na busca pelo bem e pela justiça.

"O Senhor é minha luz e salvação: a quem temerei?
 O Senhor é a fortaleza de minha vida: perante quem tremerei?
 Quando malfeitores me assaltam para devorar minha carne, são eles, meus adversários, que tropeçam e caem."
 (Salmo 27, 1-2)


PALAVRA DO MÊS: PITONISA

Onde vi/ouvi? No livro Maestro!, que conta a história de João Carlos Martins e sua luta para realizar aquilo que mais ama que é tocar piano, apesar de suas inúmeras cirurgias e tragédias pessoais.

 O que significa? Sacerdotisa do deus Apolo; mulher que possuía o dom da profecia.

 Como a empregaria em uma frase/fala/conversa/história? Não preciso ser uma pitonisa para saber que o bem e a justiça sempre prevalecerão na vida de quem busca o direito e a verdade.


segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

A LUA E EU

"A escuridão nunca fica realmente negra. As estrelas gastam sua maior potência em quilowatts. Também a lua, opaca em janelas velhas, subindo hesitante do andar inferior para a do meio e então para a de cima, é um prazer para os olhos do insone." 
(Frances Mayes em Bella Toscana)


sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

SONHO DORMIDO

Eu: - Moça, eu quero um real de pão e um sonho.

Atendente: - Só tem dormido.

Eu: - Eu quero assim mesmo.

E voltei pra casa feliz pelo meu sonho, pelo pão quentinho e pela certeza de que sonhos serão sempre sonhos, mesmo dormidos.


domingo, 31 de janeiro de 2016

ENCONTRO COM A PALAVRA #1

Quem não me conhece, ao me ver citar versículos bíblicos, logo acha que sou evangélica. Desde a faculdade, quando pegavam meu caderno emprestado ou não me convenciam a ir às calouradas, até hoje continua sendo assim. Se eu repito umas 3x a palavra "igreja" em uma conversa, se eu não participo dos reaggaes públicos ou do trabalho, sempre vem alguém com a mesma pergunta que já estou acostumada a responder.

Com a chegada das comunidades, da participação efetiva e notória dos leigos na Igreja Católica Apostólica Romana, a leitura da bíblia foi mais divulgada e, embora não saiba numericamente nenhum versículo de cor, ler e estudar a bíblia sempre fez parte dos hábitos da minha família. Por buscar intimidade com Deus, quero registrar em 2016 a palavra que me foi concedida, e que foi lâmpada para meus pés e luz para meu caminho a cada mês.

 "Aqueles que observam santamente as coisas santas, serão santificados; 
e aqueles que as aprendem, encontrarão sua defesa. 
Deseja, pois, minhas palavras, buscai-as com ardor e sereis instruídos." 
( Sabedoria 6, 10-11)

PALAVRA DO MÊS: FEÉRICA

Onde vi/ouvi? 
Na entrevista de Anna Muylaert sobre a repercussão do filme "Que horas ela volta?" (que vi e me surpreendi com uma Regina Casé dissociada do Ixquenta)

O que significa?
Adj. que faz parte do mundo da fantasia; mágico; deslumbrante; esplêndido; fantástico.

Como a empregaria em uma frase/fala/conversa/história?
O pôr-do-sol visto do dique da PA IV em Paulo Afonso é feérico!

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

RIO DE JANEIRO A JANEIRO


"Sem nenhum pudor
Devo expor o meu ponto de vista
Daqui de onde estou
A cidade oferece uma pista"
(Gilberto Gil)

O Rio é hors concours, já dizia um amigo após a minha longa propaganda da cidade maravilhosa. Mas nem sempre foi assim...ao chegar lá me senti como Caetano ao se deparar com Sampa, quando canta: "Quando eu te encarei frente a frente não vi o meu rosto. Chamei de mau gosto o que vi, de mau gosto, mau gosto". Como morei no subúrbio das escolas de samba, mas também dos morros (embora o Rio seja povoado deles), das pixações e ruas mal cuidadas não tinha como ver beleza. O estranhamento foi intenso e ainda não havia para mim poesia nem reflexos da bossa nova, das agendas culturais nem da orla mais famosa do mundo.

Mas fui pouco a pouco desbravando cada avenida até chegar na beira-mar, até atravessar o túnel e conhecer o cartão postal: a zona sul e seu sem-número de referências que conhecia das canções. Aí tudo ficou mais claro! Hoje, como turista, minha hospedaria é o Catete, um bairro que é o ponto de partida para a zona sul ou para o centro e zona norte.

"Sem nenhum pudor
A memória pertence ao futuro
Daqui de onde estou
A cidade é um lugar seguro"
(Gilberto Gil)

Por isso resolvi listar as vantagens para se hospedar nesse bairro, que como canta Gilberto Gil oferece uma pista do Rio e é, de fato, um lugar seguro, uma vez que nunca presenciei nada desagradável e sempre sai e voltei a qualquer hora em segurança.

#1- O bairro tem como referência a Rua do Catete, onde há desde bancos a comércio variado, de roupa a hortifruti.

#2- Há duas estações de metrô (Largo do Machado e Catete), além de taxis e linhas de ônibus. Do centro até a zona sul, dentro do espectro das muitas coisas para se fazer em um dia de passeio, a linha de metrô faz Centro - Glória - Catete - Largo do Machado - Flamengo - Botafogo - Copacabana - Ipanema - Leblon, considerando ainda o metrô na superfície.

#3- Fica "colado" no Terminal Santos Dumont.

#4- As farmácias e lanchonetes/fast food ficam abertas até tarde da noite e há podrões em cada esquina, para quem encarar.

#5-Tem hotéis e hostels para todos os bolsos. Recomendo o Hotel 1900 (executivo), o Imperial Hotel (mais completo e adequado para famílias) e o Rio Claro (hotel com características de pousada).

#6- O Parque Eduardo Guinle é um cantinho para fugir e ler um bom livro.

#7- O Museu da República (Palácio do Catete) e seu mini-jardim botânico é outro refúgio gratuito.

#8- Além do Palácio, há o Oi Futuro, Teatro Cacilda Becker e Museu do Folclore.

#9- No Largo do Machado tem academia popular, feirinha de roupa e artesanato, feira livre, restaurantes, galerias com brechós e mais restaurantes, vans para o Corcovado, a igreja Nossa Senhora da Glória e quiosques de floriculturas embaixo das exuberantes "abricó-de-macaco".

#10-Tem cinema no Palácio e na Galeria Kinoplex, mas para quem quiser mais opções só é avançar 2 estações de metrô e chegar a Botafogo.

#11-Voltando 2 estações, chega-se à Cinelândia e somos recepcionados pelo Theatro Municipal, tendo como vizinhos ricos a serem visitados o Museu de Belas Artes, Biblioteca Nacional e a alguns passos a estação do bondinho de Santa Teresa.

Eu poderia fica aqui listando coisas e coisas para se fazer e conhecer no Rio, mas deixo a gosto do freguês explorá-lo como quiser. Ficam as dicas para os viajantes flanarem à vontade na cidade que sempre inova e me surpreende!