domingo, 30 de junho de 2019

PELAS RUAS DE SANTA TERESA...


"Veja o sol, é demais essa cidade! A gente vai ter um dia de calor." (Djavan)

Uma vila do Rio antigo sobre uma cidade: é assim a primeira impressão que se tem do bairro de Santa Teresa. O sossego das ruas, as casas suspensas em ladeiras sinuosas, artistas com obras instaladas a céu aberto nas calçadas ou em seus estúdios-casa. Tudo isso só é interrompido pela chegada e partida do bondinho com seus turistas ávidos de um cenário apropriado para fotografia e uma parada nos muitos barzinhos clássicos e de mesas disputadas. Além de perambular de um largo a outro, há quatro sugestões de programação clássicas para se aproveitar melhor o bairro em um dia ensolarado:

1-Passeio do bondinho: antes era cobrado uma passagem baratinha e a emoção já começava ao passar sobre os Arcos da Lapa, e ir aos poucos desvendando caminhos e paisagens. Infelizmente desde 2018 o passeio custa salgados R$20,00! Virou passeio pra turista, pois por 14,00 eu e mais três amigos chegamos facilmente de táxi partindo do Teatro Municipal. Pelo menos, os moradores cadastrados e estudantes da rede pública tem acesso gratuito.



2-Parque das Ruínas: de lá se tem belas vistas, incluindo o centro da cidade, a Baía de Guanabara e o Pão de Açúcar. Além de atividades culturais e da vista privilegiada, há um casarão restaurado que pertenceu à maior mecenas das artes da cidade, a cuiabana Laurinda Santos Lobo (1878-1946). O casarão do início do século passado já recebia saraus promovidos pela proprietária na época. Hoje a casa ganhou ares modernos com a adaptação de estruturas de vidro e ferro, um dos projetos premiados do arquiteto Ernani Freire. É aberto de terça a domingo das 10h às 18h, com entrada franca e agora tem uma lanchonete que trouxe mais segurança ao lugar. 




3-Museu Chácara do Céu: fui a primeira vez por recomendação de meu professor Filgueiras. Vem em seguida ao Parque das Ruínas e possui belos jardins (abertos diariamente das 9h às 17h) e vistas, além de um museu (aberto diariamente das 12h às 17h, exceto às terças-feiras) que abriga importantes obras de arte, sobretudo de artistas que estiveram no Brasil na primeira metade do século XIX. São quase 500 obras só do francês Debret, que fundou no Rio de Janeiro, uma academia de Artes e Ofícios, mais tarde Academia Imperial de Belas Artes. A casa do museu (bem como a casa do Museu do Açude, em outra área do Parque Nacional da Tijuca) foi uma das muitas residências do empresário, mecenas e colecionador de arte Raimundo Ottoni de Castro Maya (1894-1968), que entre outros feitos foi um dos fundadores do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Contemple as obras e vá para o jardim admirar o centro da cidade!




4-Bar do Mineiro: para o happy hour, volte para o Largo do Curvelo e siga em direção ao Largo dos Guimarães. Após uns 10 minutos de caminhada vemos o tal boteco carioca, famoso pela feijoada, pastéis e cachaças. Quadros com fotos de artistas consagrados brasileiros nas paredes, panelas e caldeirões de ferro e artesanato encontram-se por tudo quanto é lado. A única dificuldade é achar uma mesa no fim de semana, mas a experiência vale a pela.




Atenção: este post poderá sofrer atualizações a cada viagem.

CIDADE SUBMERSA


"Eu ia andando pela Avenida Copacabana e olhava distraída edifícios, nesga de mar, pessoas, sem pensar em nada. Ainda não percebera que na verdade não estava distraída, estava era de uma atenção sem esforço, estava sendo uma coisa muito rara: livre. Via tudo, e à toa. Pouco a pouco é que fui percebendo que estava percebendo as coisas. Minha liberdade então se intensificou um pouco mais, sem deixar de ser liberdade. Não era tour de propriétaire, nada daquilo era meu, nem eu queria. Mas parece-me que me sentia satisfeita com o que via." (Clarice Lispector)

sexta-feira, 14 de junho de 2019

NA TRANSVERSAL DO TEMPO


"Fechada dentro de um táxi
Numa transversal do tempo
Acho que o amor
É a ausência de engarrafamento
As coisas que eu sei de mim
Tentam vencer a distância
E é como se aguardassem feridas
Numa ambulância
As pobres coisas que eu sei
Podem morrer, mas espero
Como se houvesse um sinal
Sem sair do amarelo"
(João Bosco e Aldir Blanc)