quinta-feira, 31 de outubro de 2019

VERSÕES QUE AMO #5: THE PLATTERS

Dia desses estava na minha TV Tube e pintou sugestão do Programa Todo Seu. Pauta musical do dia: The Platters. Olha aí o pessoal de Smoked in your eyes que eu copiei da Georgia! Ronnie Von estava todo emocionado de recebê-los e eu parti logo pra busca para saber como eles existem/resistem na cena até hoje. Nessa busca achei uma versão para Chove Lá Fora de Tito Madi, um dos precursores da Bossa Nova quando ela ainda nem tinha esse nome.

A canção está registrada em Les Platters Autour du Monde, álbum de 1958, apenas um ano após ter sido lançada no Brasil. Quem assina a versão é ninguém menos que Buck Ram, autor de Only You.


Inside, outside
Inside, outside
Oh, darling let me in
It's raining outside
Please let forgive me soren
It's raining outside
Oh, let my arms return
To hold you near me
Your darling heart must learn
I love you dearly
Oh, darling please be kind
Don't leave me outside
Outside your heart am I
Oh, take me inside
The rings in my heart
And my heart cries
Our love dies
Our love dies
It's inside raining outside
Inside, outside
Inside, outside
The rings in my heart
And my heart cries
Our love dies
Our love dies
It's inside raining outside inside
Inside, outside

VERSÕES QUE AMO #3: EL DEBARGE

Conheci El Debarge através de musicões de FM (All this love), e mais tarde flanando pela web com a interpretação de Dindi nos vários compilados de "Bossa Brazil" que existem no YouTube. Dindi, que não foi nenhuma musa e sim uma fazenda próxima a Petrópolis chamada Dirindi, de onde se extraiu o diminutivo e a inspiração pela vasta paisagem com morros e riachos num vilarejo que a família Tom Jobim tinha propriedade, é um dos clássicos que o mestre fez em parceria com Aloysio de Oliveira.

Muitos já gravaram Dindi em português e alguns se arriscaram em inglês. Durante esta pesquisa descobri que essa versão tocou na novela global Por Amor, e agora imagino os cenários leblonianos que fizeram parte do combo cidade maravilhosa para exportação. Confira o áudio à la passeio na Zona Sul do Rio e a versão do letrista Ray Gilbert:

DINDI

Sky, so vast is the sky
with far away clouds just wandering by
Where do they go?
Oh I don't know, don't know
Wind that speaks to the leaves
Telling stories that no one believes
Stories of love belong to you and to me

Oh, Dindi
If I only had words I would say
All the beautiful things that I see
When you're with me
Oh my Dindi
Oh Dindi
Like the song of the wind in the trees
That's how my heart is singing Dindi
That would be me without you, my Dindi
Oh, my Dindi

Oh, Dindi
If I only had words I would say
All the beautiful things that I see
When you're with me
Oh my Dindi

Don't you know, don't you know
Don't you know, Dindi
I'd be running and searching for you
Like a river that can't find the sea
That would be me without you, my Dindi
Oh, my Dindi
That would be me, Dindi

Where would I be, Dindi?
Where would I be, Dindi?
Oh, Dindi (that would be me, Dindi)
I'd flowing like a river can't find the sea
That would be me, baby
Without you, without you, Dindi
I want you to know I love you so, baby
I love you






VERSÕES QUE AMO #4: OLIVIA ONG


Por que demorei tanto para ouvir Olivia Ong? Por que não dei ouvidos à dica de Ianni? A voz dessa intérprete casa perfeitamente com a Bossa Nova, fazendo as honras dos japoneses que são apaixonados pelo gênero até mais que os brasileiros. Apesar de ser natural de Singapura, ela é contratada de uma gravador japonesa e canta em inglês e japonês.

Seus trabalhos com Bossa Nova são A Girl Meets Bossa Nova vol.1 e 2, onde ela interpreta de Justin Bieber a Frank Sinatra. A minha preferida é a versão de Samba de uma Nota Só ou One Note Samba do mestre Tom Jobim em parceria com Newton Mendonça.

ONE NOTE SAMBA

This is just a little samba,
Built upon a single note
Other notes are bound to follow,
But the root is still that note
Now this new one is the consequence,
Of the one we've just been through
As I'm bound to be the unavoidable consequence of you
There's so many people who can talk
and talk and talk and just say nothing,
Or nearly nothing
I have used up all the scale I know,
And at the end I've come to nothing,
Or nearly no- thing
So I came back to my first note,
As I must come back to you
I will pour into that one note,
All the love I feel for you
Anyone who wants the whole show, Re mi fa sol la si do
He will find himself with no show,
Better play the note you know

segunda-feira, 21 de outubro de 2019

VERSÕES QUE AMO #2: SARAH VAUGHAN

Continuando na linha dos gringos que nos amam, meu caro amigo Youtube me apresentou há us anos atrás a lindíssima versão Bridges de Travessia do Milton Nascimento, gravada por Sarah Lois Vaughan ou a "divina do jazz", que era apaixonada por música e músicos brasileiros. Em 1978 ela lançou essa versão no disco feito com músicas de Milton, Dori Caymmi, Tom Jobim e Marcos Valle, intitulado "O Som Brasileiro de Sarah Vaughan", primeiro da trilogia seguido por “Exclusivamente Brasil” (1979) e “Brazilian Romance” (1987). Segue o relato detalhado do disco e das gravações aqui, além da versão feita pelo letrista Gene Lees:


I have crossed a thousand bridges
In my search for something real
There are great suspension brigdes
Made like spider webs of steel
There are tiny wooden trestles
And there are bridges made of stone
I have always been a stranger
And i've always been alone

There's a bridge to tomor...row
There's a bridge from the past
There's a bridge made of sorrow
That i pray will not last
There's a bridge made of colors
In the sky high above
And i think that there must be
Bridges made out of love

I can see her in the distance
On the river's other shore
And her hands reach out longing
As my own have done before
And i call across to tell him
Where i believe the bridge must lie
And i'll find it, yes i'll find it
If i search until i die

When the bridge is between us
We'll have nothing to say
We will run through the sun light
And i'll meet him halfway
There's a bridge made of colors
In the sky high above
And i'm certain that somewhere
There's a bridge made of love

No artigo do El País intitulado "A travessia de Milton Nascimento" há as seguintes curiosidades sobre a obra-mãe: "o título de Travessia, canção com letra de seu amigo Fernando Brant, foi extraído do romance Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa: é a última palavra do livro. Com ela Milton Nascimento se apresentou no Festival Internacional da Canção (FIC) e se tornou conhecido no Brasil. Existem gravações de Travessia em inglês, Bridges, de Sarah Vaughan, Tony Bennett ou Björk. Também foi cantada por Elis Regina, que chegou a dizer que, se Deus tinha voz, era a de Milton." Apesar desses vários intérpretes, ainda me encanta a química do grande encontro desses dois monstros que souberam fundir suas vozes nessa linda e única versão.




VERSÕES QUE AMO #1: THE MANHATTAN TRANSFER

Eu sou uma pessoa declaradamente amante da arte "música", mas como já mencionei aqui no blog algumas vezes eu não cresci tendo acesso a discos nem vitrolas. Quando eu tinha oportunidade de pegar num disco na casa de alguma colega da escola, eu lia a ficha técnica, cada letra de música e até o que vinha escrito no meio do bolachão. Eu tratava o disco como se fosse uma relíquia, o que na verdade são para mim até hoje.

Muito tempo mais tarde com a chegada da internet foi que eu pude descobrir que muitas canções que amo são versões muito bem feitas (outras nem tanto!) por pessoas que são feras nisso, e que eu vi o nome se repetindo nos encartes. Nos discos da Xuxa e Patrícia Marques, por exemplo, só dava Michael Sullivan e Paulo Massadas. De Smoked in your eyes de Ray Conniff a Black Orchid do Steve Wonder, para público infantil ou para os melo-românticos, esses caras estavam em tudo!

Com a chegada do Youtube a minha busca só aumentou, e tenho feito novas descobertas e tenho tido gratas surpresas, pois a música é universal e as letras e ondas correm numa pista de mão dupla. Foi assim que acabei cruzando com Esquinas de Djavan numa versão intitulada "So You Say" gravada em 1987 pelo grupo vocal americano The Manhattan Transfer no álbum Brasil. A versão feita por Amanda McBroom ficou bem parecida, e o instrumental e vocal à altura, dando ênfase ao sentimento de solidão e reflexão que a obra transmite.





So you say
It's a feeling I'll get over someday
So you say
So you say
I should try
Just to let the flame inside me die
I should try
So you say
Against the wind
With my face turned to the empty side
Of loneliness
Midnight black and blue
So you say
That the world will keep on turning
So you say
So you say
Tell me why
All the stars have lost their mystery now
Tell me why
Tell me how
Where love has been
The taste of wine
Seems to linger on like distant perfume
And all of the memories
Carelessly left behind
Ghosts and lies
They haunt me wherever I go
So you say
That the pain of love will pass away
So you say
So you say
Before goodbye
I look for the fire behind your eyes
But they're cold as ice
I hear in your voice
The echo of love that's gone by
Now I cry
I'll love you for all of my life
So you say
It's a feeling I'll get over someday
So you say
So you say

Segundo Adriana Fiuza Meinberg em seu artigo "A tradução da canção popular", "à primeira vista, tem-­se a impressão de a tradução ter ignorado por completo a letra da canção original criada por Djavan, o que restringe a análise do trabalho de versão ao aspecto conteudista. Contudo, um olhar menos apressado acaba nos revelando que a versionista optou por realizar uma tradução homofônica, privilegiando a sonoridade do texto poético da língua de partida e marcando o valor atribuído à música que acompanha esta letra...A versionista, percebendo a função fundamental deste verso, optou por traduzi-­lo pelo verso So you say, mantendo a homofonia, elemento por ela eleito como aquele a ser privilegiado em sua versão.