“Eu não sou uma profissional, eu só escrevo quando eu quero. Eu sou uma amadora e faço questão de continuar sendo amadora. Escrevo porque encontro nisso um prazer que não consigo traduzir. Não sou pretensiosa. Escrevo para mim…” (Clarice Lispector)
Marcadores
- All by myself (89)
- Arte é vida! (6)
- Cine Tube (33)
- Dominus Dei (17)
- Geléia Geral (64)
- Menu Degustação (12)
- Music and me (69)
- My pet is a cat (18)
- Poemize-se! (51)
terça-feira, 30 de abril de 2019
terça-feira, 23 de abril de 2019
BIBLIOMANIA
"Tropeçavas nos astros desastradaQuase não tínhamos livros em casaE a cidade não tinha livrariaMas os livros que em nossa vida entraramSão como a radiação de um corpo negroApontando pra expansão do UniversoPorque a frase, o conceito, o enredo, o verso(E, sem dúvida, sobretudo o verso)É o que pode lançar mundos no mundo"(Caetano Veloso)
Diz a definição de Bibliomania: grande interesse e paixão pelos livros, que se manifesta na mania de comprar e acumular livros. No meu caso, não chego ao segundo período da frase, mas tenho sim uma paixão e respeito por estes objetos transcendentes. Não compro o que não vou ler (como muita gente que adquiri os combos das megastore), e hoje adquiri o hábito de passar adiante alguma obra que já tenha satisfeito minha curiosidade. Como Caetano me traduz acima, desejo dividir com outros que assim como eu não cresceram cercadas nem dos livros essenciais.
Tenho rigoroso cuidado com esses meus amigos de todas as horas, e atualmente nem assino mais meu nome. Aboli o uso de marcadores e, no máximo, uso algum pedaço de papel seda pela sua fina espessura. Lápis, marca texto e caneta são inadmissíveis, restando apenas a opção de anotar a lápis na última página alguma referência dentre tantas que gostei. E por falar em fim de livro, sou vidrada em índice remissivo, anexos e apêndices, inclusive o raro posfácio.
Não importa se é novo e tem aquele cheiro que só apaixonados por livros entenderão, ou se é usado e já passou pelas mãos de outros leitores. O mais importante é que terei em meu acervo uma propriedade de grande valor. Com a Estante Virtual eu posso atualmente não somente me presentear como aos outros, como também expandir minha busca e garimpar verdadeiras relíquias.
sábado, 20 de abril de 2019
PARA SERVIR, SERVIR
Para santificar a profissão é necessário em primeiro lugar trabalhar bem, com seriedade humana e sobrenatural...por isso, como lema para o trabalho de cada um, posso indicar este: para servir, servir. Porque, para fazer as coisas, é preciso antes de mais nada saber terminá-las. Não acredito na retidão de intenção de quem não se esforça por alcançar a competência necessária para cumprir bem as tarefas que lhe são confiadas. Não basta querer fazer o bem; é preciso saber fazê-lo. E, se realmente queremos, esse desejo traduzir-se-á no empenho em utilizar os meios adequados para deixar as coisas acabadas, com perfeição humana. (Josemaria Escrivá)
segunda-feira, 1 de abril de 2019
MELÔ DA REVOLUÇÃO
No dia da gravação de “Inútil Paisagem”, Menescal saiu de casa mais cedo. Tocara até tarde na noite anterior, e aquela seria a última das quatro faixas do disco a utilizar orquestra, o que costumava dispender tempo maior de gravação. Além disso, se comprometera a buscar Wanda em casa, assim como o técnico do estúdio e o baixista Sergio Barroso.
-"Bom presságio!" comentou ao encontrar espaço de sobra para estacionar o carro bem defronte ao prédio do estúdio da Columbia, o que não era comum acontecer em plena quarta feira às 9 da manhã. Cadeiras e microfones em seus lugares. O técnico sugeriu que Wanda, Sergio e Roberto testassem o som de seus microfones para ganhar tempo. Entretanto, passou-se uma hora sem que houvesse o menor sinal do pessoal da orquestra, incluindo o arranjador e regente Eumir Deodato. Às onze horas, Menescal presumiu que tivesse se enganado com relação à data da gravação. O problema é que esta era a última sessão, o estúdio já estava ocupado nos próximos dois meses.
Foi neste cenário, promovido pelo Acaso, que nasceu uma das mais belas gravações de “Inútil Paisagem” de todos os tempos: a voz de Wanda, mais envolvente que nunca, acompanhada simplesmente pela guitarra de Menescal e o baixo de Sergio Barroso. No melhor estilo Julie London em “Cry me a river“, exatamente como tinham feito no ensaio alguns minutos atrás.
Menescal considerou encerradas as gravações do álbum e decidiu comemorar. "-Que tal um sorvete?" sugeriu, e o grupo rumou para o Bob’s mais próximo, ainda eufórico com o bem sucedido e inesperado resultado da gravação. No caminho, porém, o panorama mudou completamente. Tanques e grupos da Cavalaria ocupavam a Avenida Rio Branco, enquanto a Praça Floriano estava tomada por um pelotão do Exército, em frente ao Teatro Municipal.
O sorvete foi esquecido, já que aquela confusão não fazia parte dos planos. Menescal entrou em casa e perguntou à Yara, sua esposa: -“O que está acontecendo? Tem exército em toda parte. Era primeiro de abril de 1964... E durante algum tempo, “Inútil Paisagem” foi apelidada pelos músicos de “Melô da Revolução”.
PS: No mesmo ano teve a versão instrumental de Eumir Deodato e posteriormente foram gravadas outras versões com Elis no antológico Elis &Tom, além da doce Rosa Passos. Há também várias versões mundo afora como "Useless Landscape" com Ella Fitzgerald, Tim Maia e outros.
Assinar:
Postagens (Atom)