"Não deveríamos nos sentir constrangidos de desistir de uma pessoa por causa do seu gosto para sofás ou para canecas de cerveja". (Alain de Botton)
Um dia conheci um homem sem grandes pretensões. Lutou desde cedo, conquistou cargo maior que sua função no serviço público, tinha um cartão internacional (que foi o banco quem deu), mas nunca pensou em botar a botina fora da fronteira; estava construindo uma mansão, mas ia decorá-la com móveis das Casas Cabia ou da Insaniante. Tudo a mais um pouquinho para ele era "chique".
Noutros tempos conheci um camarada aparentemente bem resolvido com seus fracassos de ordem sentimentais e profissionais, metido a hi-tech, com uma filosofia lulusantiana (vamos viver tudo que há pra viver, vamos nos permitir) que achava que eu falava difícil. Como assim, Bial ? Ainda bem que eu pulei essa fogueira antes que eu tivesse que conversar através de mímica ou Libras.
Recentemente, ouvi uma amiga dizer: quando eu lembro dos programas de índio que fui aos domingos, eu nem me reconheço. De fato, quanta coisa a gente faz para agradar, para enturmar e enturmar-se com o outro quando esse é muito diferente de nós. No começo, tudo é conquista! Então, lá vamos nós com toda empolgação focando só no objeto de interesse, sem pensar no conjunto da obra. Se é um filme chato, vambora! Saída com a primaiada? Agora mesmo! Churrascão na casa da tia, bem estilo estranha no ninho? Já tô lá!
Tudo bem que ninguém é igual a ninguém, mas se tem uma coisa que a vida me confirmou é que os iguais são quem permanecem juntos. Tenho acompanhado nos últimos anos tantos fins de namoro que já deveriam ter ocorrido há muito tempo, ou melhor, namoros que nunca deveriam ter começado. Mas, como tem coisa que só provando e se lascando toda, vamos lá fazer o papel de amigo e levar uns band-aids para colar os cacos. É incrível como o objetivo da mulher é, mesmo insconscientemente, garimpar as qualidades, os gostos em comum, as virtudes, enquanto o dos homens é...cri-cri-cri...eles não sabem responder. Na maioria das vezes, é só ter uma namorada mesmo. Só isso, ouviram meninas ?
Por isso, eu aconselho minhas caras amigas: se estão na pindaíba e se contentam com um Zé Fulaninho, o problema é de vcs! Se estão vivendo uma relação sozinhas, sonhando que o sonhador ao lado mude a rotina entediante, pensem bem se vale a pena qualquer coisa só para ter companhia nem tão interessante assim. Saiam dessa vida de migalhas! Que adianta oferecer banquete a quem se contenta com pão e água? Repito mais uma vez a todas aquelas cujos casos eu acompanho: se não dá conta da fogueira, não acenda o primeiro fósforo. E para aquelas que ainda não tiveram coragem de dar esse passo, cito mais uma vez Anne Sullivan:
"Há sempre uma saída para as situações difíceis, quando realmente queremos resolvê-las".
Casas Cabia e Insaniante, essas eu não conhecia. kkkkk!!! Vou adotar!
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