sábado, 11 de maio de 2013

CASAMENTO OU EVENTO?


 “Os atos litúrgicos perdem a força quando se tornam eventos sociais. Um exemplo é o casamento. Muitos casam porque querem a benção de Deus, mas esse desejo às vezes parece escondido. Em algumas Igrejas a cerimônia mais parece uma disputa entre a roupa da noiva e a das madrinhas.”
(Papa Francisco)

Essa frase do Papa Francisco foi divulgada no Fantástico, logo após a cerimônia que o consagrou de fato. Gostei demais da postura dele em relação ao tema, porque ultimamente os casamentos na Igreja Católica viraram um evento mais para baile de 15 anos do que propriamente uma união entre dois seres ditos adultos. Já faz um tempão que quero escrever sobre isso. Então, vamos lá!

# O primeiro problema é que muita gente "acha bonito" casar na igreja, como se fosse um ritual, uma tradição indispensável para compor o álbum de casamento. Para que se casar na igreja se os noivos não frequentam (que dirá participarem!) a igreja a não ser em aniversário, batizado e casamento? Já não bastam as fotos dos milhões de álbuns do facebook, ficam fazendo caras e bocas durante a celebração e inventam um verdadeiro ritual de mau gosto, muitas vezes.

# Infelizmente, o atraso faz parte da nossa cultura. Os noivos deveriam pensar nos convidados e em todo mundo que se organizou para estar no local na hora certinha. No último casamento que fui, cheguei na hora e...fiquei uns 15 min rezando e vigiando a igreja e a decoração. Noutra ocasião, fui ao casamento de uma amiga, a qual alertou a todos: cheguem pontualmente! Eu só entendi o porquê porque cheguei 10 min antes e o noivo foi lá devolver o cheque ao padre, para então se organizarem e entrarem na igreja na hora exata impressa no convite. O padre cansado dos atrasos dos noivos criou essa medida e não é que deu certo? Depois ainda tem gente que acha ruim o fato da igreja tá murchinha e a festa bombando!

# Acho que virou febre, mas eu acho um retrocesso o fato de muitos casamentos nos últimos tempos parecerem uma festa de 15 anos atrasada. Juro a vocês que só falta o momento da troca da boneca pelo salto 15 ou pela plataforma de tchutchuca. Ôps! Por falar em boneca, não é que uma noiva fez isso: uma das mil daminhas entrou com uma boneca carregando as alianças. O que é que falta mais inventarem, hein?

# Vamos à sessão vestimentas e acessórios: noivas e madrinhas, respeitem o ambiente sagrado e moderem seus decotes. Lá vem a noiva toda feliz... toda atochada, o busto saltando pra fora do vestido, um terço decorativo na mão (não sabem nem como segurar, porque nunca rezaram um), arrastando um véu para dar mais pompa ao seu momento único de princesa. Lá vem as madrinhas, muitas vezes em escala de cores escolhida pela habilidosa noiva, a maioria desambientada sem saber se estão numa igreja ou na Sapucaí.  Na saída triunfante da noiva (o noivo é só um coadjuvante), uma chuva de arroz em tempo de cegar um ou de detonar o penteado e germinar no laquê, ou ainda as chuvas de corações laminados. Esse é só mais um detalhe brilhante dessa história da vida real que faz inveja aos contos da Disney.

# Que rufem os tambores!!! Peraí, é um casamento ou uma ópera? Ou seria um CD Love Time tocando? Gente, a música do casal pode ser tocada na festa, principalmente se for "eu tenho tanto pra lhe falar", "as metades da laranja, dois amantes, dois irmãos" ou algum flashback dos anos 80 que ganhou uma versão de Gaby Amarantos. Acho que a Som Livre ainda não sacou que ganhará milhões vendendo a versão instrumental de seus artistas mais tocados para casórios e afins.

# Faltou só um detalhe: quem vai pagar por todo esse glamour? Em muitos casos, os padrinhos! Já passou da hora da igreja limitar o número de casais. Tem necessidade de uma casal precisar de 80 assinaturas para comprovar que eles se amam de verdade? No último casamento que fui, presenciei madrinhas enfurecidas pois o padre recolheu o livro de assinaturas quando viu o excesso dos noivos. Isso pra não falar da "taxa" imposta gentilmente aos padrinhos para comprarem o direito de participarem da ala vip no afeto e amizade dos noivos. O valor dava pra comprar um ingresso para o último show de Paul McCartney no Mineirão e ainda pagar a diária do hotel! Ainda bem que no decorrer da festa de arromba não inventaram de fazer a pegadinha "máxima expressão de pobreza" de recolher dinheiro no sapato da noiva ou dos pedaços da gravata, pois se passassem na minha mesa eu ia era pegar uns trocados pra mim.



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