sábado, 22 de agosto de 2015

AMANHÃ É 23 (DE NOVO!)


Sempre que chega o fim de agosto lembro dessa música, por causa de uma brincadeira boba que fiz com uma amiga da gente ligar uma pra outra no dia 22. Mas, na verdade, quando agosto chega eu me lembro que tem Criança Esperança e que o ano entrará em um tornado que sugará os dias até chegar 13 de outubro, quando refreará sua fúria para as lojas se enfeitarem de artigos natalinos. Aí então ele retoma sua força total e meu estômago já começa a pensar nos panetones e na ceia. E começa tudo quanto é programa de TV a mostrar receitas fantásticas com ingredientes do sudeste, e receitas que levam tantos ingredientes que mais parecem minha lista de supermercado.

Por falar em receitas, é interessante perceber que muito papagaio passa por ararinha azul no mundo da gastronomia. Às vezes, o prato nem é essas coisas todas, mas tem um nome bonito e todo mundo quer provar. Outras vezes, o preparo é muito mais pra lá de Marrakech, mas os cozinheiros querem vender como fast food. São os casos da terrine, molho chutney e do "ragu". O ragu é top dos top's! A receita original leva horas e horas, mas o povo do Masterchef faz todo orgulhoso em uma hora de prova.

E por falar em Masterchef, me sinto arrasada de ver aquele povo preparar uma refeição completa ou sobremesa em 1h. Aqui em casa nesse "time" só sai almoço se estiver tudo pré-cozido. O mais notório é ver que poucos criam, enquanto a maioria copia. A maioria ali frequenta bons restaurantes e é viajado, enquanto uns poucos mortais tem realmente vocação, tempero e intuição. Se acabam na farofa, mas não conhecem a farinha delicada e fina de Sergipe; erram o ponto do cabrito, nome bonito para carne de bode; enfeitam tudo com castanha e aspargos, os coringas do momento. Pior é a fome que dá após o programa...toda vez já deixo o lanchinho da madrugada reservado.

Bem, só sei que o Masterchef ainda é terça que vem, mas amanhã é 23 de novo e eu tenho certeza que Paula Toller e o calendário já sabiam disso há muito tempo.



quinta-feira, 13 de agosto de 2015

GUARDIÃ DOS SENTIDOS

"Eu pensei te dizer tanta coisa, mas pra quê se eu tenho a música, música..."
 (Roupa Nova)

Tenho lido nas últimas semanas blogs que se propõem a realizar interpretações de letras de músicas, analisanda-os sempre com a ressalva que tratam-se de impressões pessoais e abstratas sobre o que o "eu lírico" (nome técnico para o a atribuição livre do gênero) sofre, ama ou delira sobre o início, o fim e o meio, como diria o barbixa Raul.

De fato, tenho lido e só confirmo que a arte não tem explicação. Quem já foi a um museu de arte moderna sabe que está lá para uma viagem, uma experiência. Olhar um Rembrandt é uma coisa, mas olhar um Miró é lembrar dos desenhos que as crianças fazem na fase da garatuja, por exemplo. Trazendo a discussão para o mundo das notas musicais, a viagem vai muito mais além. Por ser uma forma de arte mais acessível, se estende e se expande onde as ondas AM e FM chegarem, ou onde o bolso puder pagar. Há pessoas que nunca foram ao teatro, ao museu, a uma ópera ou concerto, mas mesmo morando no lugar mais inacessível tem acesso a música, seja ela de qualidade ou não.

Em se tratando de qualidade, seja morando na favela ou no condomínio fechado, o meio não impera sobre o gosto. Há quem tenha acesso a Bach, mas prefere funk; ou ainda quem só ouve pagode, mas curte um jazz. Seja instrumental ou não, somos atraídos pela melodia, arranjo ou seja lá qual for o termo correto. As letras podem casar direitinho ou não, podem fazer sentido ou soarem bizarras, mas o que fica é a sensação. Não conta a interpretação, e sim a memória, o momento, a história. Prova disso é o relançamento dos bolachões, para devolver aos ouvintes o gosto do tato, de virar e revirar uma capa que só tem 2 lados e se deleitar com o encarte, as cores, a ordem das canções, a expectativa da primeira nota após o clássico chiado da agulha.

Anos 70 ou 90? Mp3 ou vinil? Fone de ouvido ou paredão? Discussões, preferências,  artigos, críticas ou livros à parte, seja no celular ou no rádio do carro, se sua vida fosse um filme, qual seria a trilha sonora?






domingo, 2 de agosto de 2015

ESPELHO, ESPELHO MEU


"Eu sou mais eu muitas vezes" escapuliu do âmago do meu ser em uma conversa que começou com hamburger e terminou com comportamento alheio, eu acho. Só sei que extrapolei. Mas quem um dia já não pensou/disse: "Fala sério! Sou mais eu!". Acho que andei lendo muito Snoopy e me inspirei em Lucy, que uma vez disse na maior tranquilidade: "Eu nunca cometi um erro na minha vida. Achei que tivesse cometido uma vez, mas eu estava errada."

Lembrei também de meu colega Otto falando com aquele vozeirão: "minha filha, eu não me acho, eu me sou!". E de um aluno muito inteligente e cheio dos argumentos e das palavras de cunho histórico-crítico-social-político-Cuba: "numa discussão a última palavra é a sua?". (pausa) Eu: "Sim! Nem que eu tenha que parar um pouco para elaborar a resposta".

Contando esses fatos bobos, pode parecer que eu seja um pouquinho metida, mas não sou não. O fato é que eu "geralmente" não tenho paciência para ver alguém fazendo/falando algo errado e eu sabendo da verdade não interferir.  Mas, às vezes, eu não argumento  de jeito nenhum e fico só ouvindo as pérolas. Eu juro que eu me controlo! Como a quem mais for dado, mais será cobrado, eu só faço isso com o alto escalão, ou com que o aspira. Por exemplo, estava lanchando e passou uma reportagem sobre racismo, e uma pessoa bem dona da verdade começou a explicar aos presentes que o racismo começou na bíblia (ninguém merece ouvir o resto da história) e eu fiz cara de quem estava amando a explicação; ou quando uma secretária ligou para a chefe alegando que o candidato não tinha pós-graduação, "só" especialização.

Outra vez, outra secretária hors concours lamentou o fato de ela não poder fazer em Maceió o concurso estadual da Bahia. Aí eu traduzi a sigla do órgão pretendido, para ela entender que BA é Bahia, mas mesmo assim ela ficou com cara de perdida e triste. Pior que até eu fiquei por ela, porque Salvador é bem mais longe e ruim de chegar que Maceió. Mas voltando a tempos remotos, uma vez quase perdi um aumento de 5% no meu salário-paga-contas porque a secretária ao levar meus diplomas para o RH, voltou com a seguinte constatação: "professora, o chefe não vai poder lhe dar o aumento, porque a senhora tem doutorado, mas o aumento é só pra quem tem pós-graduação". Respirei fundo e expliquei (quase desenhei) que "pós" é tudo que vem "após" e aí dei um mini-curso de academicismo. Dessa vez, eu não podia me calar, se não perderia meu auxílio-lanche-pós-missa-aos-domingos. Pronto, falei!