quinta-feira, 13 de agosto de 2015

GUARDIÃ DOS SENTIDOS

"Eu pensei te dizer tanta coisa, mas pra quê se eu tenho a música, música..."
 (Roupa Nova)

Tenho lido nas últimas semanas blogs que se propõem a realizar interpretações de letras de músicas, analisanda-os sempre com a ressalva que tratam-se de impressões pessoais e abstratas sobre o que o "eu lírico" (nome técnico para o a atribuição livre do gênero) sofre, ama ou delira sobre o início, o fim e o meio, como diria o barbixa Raul.

De fato, tenho lido e só confirmo que a arte não tem explicação. Quem já foi a um museu de arte moderna sabe que está lá para uma viagem, uma experiência. Olhar um Rembrandt é uma coisa, mas olhar um Miró é lembrar dos desenhos que as crianças fazem na fase da garatuja, por exemplo. Trazendo a discussão para o mundo das notas musicais, a viagem vai muito mais além. Por ser uma forma de arte mais acessível, se estende e se expande onde as ondas AM e FM chegarem, ou onde o bolso puder pagar. Há pessoas que nunca foram ao teatro, ao museu, a uma ópera ou concerto, mas mesmo morando no lugar mais inacessível tem acesso a música, seja ela de qualidade ou não.

Em se tratando de qualidade, seja morando na favela ou no condomínio fechado, o meio não impera sobre o gosto. Há quem tenha acesso a Bach, mas prefere funk; ou ainda quem só ouve pagode, mas curte um jazz. Seja instrumental ou não, somos atraídos pela melodia, arranjo ou seja lá qual for o termo correto. As letras podem casar direitinho ou não, podem fazer sentido ou soarem bizarras, mas o que fica é a sensação. Não conta a interpretação, e sim a memória, o momento, a história. Prova disso é o relançamento dos bolachões, para devolver aos ouvintes o gosto do tato, de virar e revirar uma capa que só tem 2 lados e se deleitar com o encarte, as cores, a ordem das canções, a expectativa da primeira nota após o clássico chiado da agulha.

Anos 70 ou 90? Mp3 ou vinil? Fone de ouvido ou paredão? Discussões, preferências,  artigos, críticas ou livros à parte, seja no celular ou no rádio do carro, se sua vida fosse um filme, qual seria a trilha sonora?






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