terça-feira, 27 de agosto de 2019

BECO DAS GARRAFAS


É impossível ler sobre Bossa Nova e não encontrar n citações sobre o Beco das Garrafas, uma pequena travessa sem saída onde germinaram notas fundamentais que deram o tom da música popular brasileira que ouvimos hoje.

Tantas histórias e causos estão reunidos no compêndio de Ruy Castro e na quase biografia de Nelson Motta, e chegam a parecer lendas. O que antes era feito por um sonho ou por sobrevivência deixou poucos registros indeléveis de uma arte genuína e com talentos inegáveis, num jeito de fazer e de viver de música muito primários se comparados aos que atualmente chegam ao mainstream de forma altamente financiada e sem qualidade.


Após ler tantos relatos não resisti e fui lá pisar naquele chão onde passaram muitos do que respeito, artisticamente falando. Desci na estação Cardeal Arcoverde, segui até o sinal, atravessei a rua e segui à esquerda mais duas ruas até entrar na Duvivier. À medida que ia avançando e avistando o mar fiquei pensando em como um lugar assim efervescente na madrugada, com muitos drinks e "garrafadas" sobreviveu em meio a prédios residenciais? Ainda incrédula perguntei a um vendedor de quinquilarias na rua: onde fica o Beco das Garrafas? Ele bem carioca respondeu: "Só mais uma esquina...onde tudo começou!". Atravessei a N.Sra. de Copacabana e finalmente cheguei lá. Para minha surpresa, a livraria Bossa Nova que ficava logo na esquina fechou. Segui adiante e lá estavam eles com seus letreiros imutáveis: o Little Club e o Bottle's Bar, renascidos após a iniciativa da Heineken em 2014. Vi alguns cartazes com as próximas programações: Quarteto do Rio (ex Os Cariocas) e Doris Monteiro. Tudo muito simples, quase artesanal, sem muito glamour nem apelo estético, condizente com o nível dos que frequentam o local por turismo ou por amor à arte.


Para completar o circuito, ao chegar em frente ao calcadão e virar à direita para retornar ao metrô, mais alguns passos e quem estava lá? Ele! O clássico símbolo de resistência dos anos dourados: o Copacabana Palace. Suspiros à parte, voltei para o hotel com a sensação de missão cumprida e certa de que ainda terei muito mais a explorar.






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