terça-feira, 12 de junho de 2012

ESTRAÑO


Esses dias estava tendo Ronaldinho Gaúcho demais nos jornais. Normale! Após ser interada da inútil notícia sobre a troca de time de mais uma estrela do povão, mainha comentou que o Flamengo se pronunciou da seguinte forma acerca da troca: "foram duas alegrias, uma na chegada e outra na saída".

Fui almoçar e lembrei logo dos fins de relacionamentos, que na maioria das vezes mesmo que se converse, discuta, dialogue não dá para no dia seguinte acordar radiante e deletar os dias juntos, as lembranças, a rotina, as grandes causas ou até os detalhes que costuravam essa relação. Não é todo dia que se ouve Depois (Marisa Monte) e se admira só a poesia da música. Eu defendo a tese de que sempre uma das partes sai prejudicada, mas vejam bem: eu estou falando de sentimento, não desses romances instantâneos que só duram de zero hora às seis.

Voltando à fala do Flamengo, quando alguém chega em nossa vida e nos desperta para novas sensações (algumas já velhas conhecidas) é tudo maravilhoso: horizontes se abrem, novas possibilidades (o delírio do INFJ), nova agenda, mais horas no espelho e a festa dos sentidos se manifesta. Mas se as coisas desandam caímos no risco de murmurar Grand' Hotel (Kid Abelha), amargar uns dias sem sol mesmo residindo no nordeste brasileiro e ter que arrumar sozinha a casa. Vão-se as cartas, as músicas, as poesias, mas fica o nome, e "é estranho, como é estranho esquecer um nome" (Nenhum de Nós).

No dia seguinte à troca do Ronaldinho, deu na Record que Belo estaria movendo uma ação na justiça para sua ex ser proibida de falar seu nome ou algo relacionado à história deles no Reality Show recentemente no ar. Mais uma vez fiquei pensando a tal questão das duas alegrias...amor e ódio, amizade e ingratidão, paixão e traição caminham próximos e basta uma faísca para a reação acontecer. Eu sempre digo a alguém que pede conselho que cada um leva um tempo para entender, aceitar, se consolar ou ser consolado, equilibrar as emoções e passar ileso pelo outro num restaurante ou na padaria. É preciso respeito da outra parte e respeitar-se também, cerrar os lábios para não ficar falando mal de quem lhe fez bem, embora às vezes seja muito difícil não praguejar e queimar o filme do ex.

Seria muito plácido, belo e nobre se levássemos adiante apenas o que aprendemos, o que nos foi acrescentado ou o que doamos, os momentos felizes, o sentimento que se permitiu sentir, mesmo que não correspondido à altura. Seria ainda mais sereno, etéreo e doce se ficassem apenas as boas lembranças, os degraus alcançados em maturidade e as risadas desferidas, longe das mágoas e nódoas e da perfeição que só faz estragos, "só que o esquecimento é tão longo". Mas na voz de Clara Nunes ou de Seu Jorge:

"O sol há de brilhar mais uma vez
A luz há de chegar aos corações
Do mal será cremada a semente
O amor será eterno novamente"

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