“Eu não sou uma profissional, eu só escrevo quando eu quero. Eu sou uma amadora e faço questão de continuar sendo amadora. Escrevo porque encontro nisso um prazer que não consigo traduzir. Não sou pretensiosa. Escrevo para mim…” (Clarice Lispector)
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quarta-feira, 27 de maio de 2015
MAIO AMARELO
Eu levei muito tempo para estar ao volante, por vários motivos: insegurança, medo, inexperiência e uma cobrança interna por ter vindo de uma casa cheia de bons motoristas. Fiz a autoescola quando realmente senti vontade e com o apoio e incentivo de todos. Não faltou quem se oferecesse para me dar umas aulinhas, desde vizinhos, amigos, parentes ou colegas de trabalho. Mas eu sentia que ainda não era o meu tempo e que isso deveria acontecer no meu carro. As pessoas me diziam: "você tem que sentir o carro!". Que eu saiba, eu sinto amor, dor, fome, vontade de ir ao banheiro, agora um carro (???). Como assim?
Depois de alguns anos dependendo das pessoas para ir e vir, inclusive de muitos atrasos de moto-taxi, criei coragem (!) e coragem ($) e fui à concessionária, depois também de pesquisar tudo que eu queria em um carro e praticamente decorar tudo que nele continha. Eu pensava que seria uma coisa tosca no trânsito, mas depois que convivi com a população que dirige em PA eu realmente vi que não sou tão ruim assim.
Em PA seta não existe (esse povo nunca estudou vetores), sinal vermelho é só um recurso para falar mais tempo ao celular, sinal verde é "corra pra enterrar seu pai" e sinal amarelo é decoração, tipo pisca-pisca de natal. As pessoas aqui que tinham uma bicicleta compraram Shineray, as que tinham Shineray compraram moto e, provavelmente, compraram a carteira. Já estou até treinando meu ouvido para entender se a moto vai cortar pela esquerda ou pela favorita direita, para aceitar que as pessoas não curtem ligar a seta e que meu problema de diferenciar direita/esquerda já foi superado diante do espetáculo de momentos a la Índia.
Ironicamente, em uma cidade como a minha que possui agentes e guardas de trânsito, não vi nada referente a campanha Maio Amarelo. Apenas em pleno fim de maio a conheci em um site não relacionado ao trânsito. Em relação ao tal "sentir", o que sinto mesmo é o cinto de segurança. Infelizmente, John Forbes Nash Jr., 86, cuja vida inspirou o filme Uma Mente Brilhante, morreu em um acidente de carro no último sábado em Nova Jersey pela ausência do cinto de segurança. A esposa, Alice Nash, 82, que o acompanhava, também faleceu.
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